Esta edição da Revista de Conjuntura reserva espaço para o estudo “O Economista no Mercado de Trabalho Brasileiro – Implicações Educacionais e para as Entidades de Classe”, do professor Roberto Macedo. O estudo é relativamente extenso para os padrões da revista, mas de estrema importância para entendermos o contexto atual da profissão de economista, em que há uma redução da demanda pelos cursos de graduação, na maioria dos estados brasileiros, e crescimento da demanda por cursos de mestrado e doutorado, nos diversos campos do saber da área de economia.
A oferta de cursos de economia no Distrito Federal ilustra bem esse quadro. Nos últimos anos, mentem-se o vestibular para apenas três cursos de graduação, já foram sete, enquanto a oferta de cursos de mestrado e doutorado na área de economia se mantém em expansão, com mais de dez cursos consolidados.
O estudo do professor Roberto Macedo analisa os microdados do Censo de 2010 e, considerando o maior nível de instrução, identifica 234.287 graduados em Economia, 18.341 mestres e 5.410 doutores na área de Economia. O estudo destaca algumas características importantes do perfil dos economistas, como por exemplo, o envelhecimento dos graduados, com maior participação nas faixas de idade mais elevada, além do indício de grande número de aposentados. Por outro lado, “entre os mestres e doutores ocorre o contrário, com esses dois grupos passando por um processo de rejuvenescimento”. A participação dos mestres e doutores é maior e crescente nas faixas etárias mais jovens.
O estudo examina em detalhe a inserção do economista no mercado de trabalho brasileiro. Constata, para o período de 1980 a 2010, uma redução da aderência nas ocupações “típicas”, com o surgimento de novas ocupações e o aparecimento de oportunidades de atuação em ocupações “atípicas”. O estudo mostra grande dispersão ocupacional dos economistas graduados, “com cerca de 70% deles se distribuindo por 30 ocupações”, além de observar grande disputa por ocupações comuns entre os graduados em Economia, Administração e Contabilidade. O estudo mostra que é cada vez mais complicado identificar ocupações típicas exclusivas de cada profissão, e por outro lado, a maioria das ocupações dos economistas graduados não pode ser considerada atípica de sua profissão, indicando a ampliação do campo de atuação do economista em atividades não exclusivas da profissão.
Essas constatações do estudo reforçam a necessidade de atualização da legislação da profissão e, principalmente, sua evolução, de forma a incorporar os mestres e doutores nos registros dos conselhos, reconhecendo sua competência específica para atuar em atividades da área da economia, relacionadas com a sua formação stricto sensu.
Essa tem sido a posição do Conselho Regional de Economia do DF nos diversos fóruns da profissão, mas com ampla rejeição da maioria dos conselhos regionais, conforme revelam as votações nos diversos Since (Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia) em que o tema foi colocado em discussão. É preciso ampliar o debate e construir um projeto de reestruturação dos conselhos profissionais, em especial o de Economia, de forma a se ajustar à realidade atual da profissão e possibilitar a sua efetiva atuação na fiscalização do exercício profissional, de forma a garantir a qualidade dos serviços prestados no campo econômico e a atuação ética dos profissionais da área de Economia. Cumprindo com isso o seu duplo papel: de defesa da sociedade e da ética profissional.
Enfim, convidamos os Economistas do DF e dos demais Conselhos Regionais para iniciarmos um debate, a partir do estudo do professor Roberto Macedo, que considere as tendências da profissão, numa visão de longo prazo, de forma a construirmos, sem preconceitos, um projeto que possibilite a sobrevivência e sustentabilidade do Sistema de Conselhos de Economia e da própria profissão de Economista.
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