CÉSAR AUGUSTO MOREIRA BERGO
Corecon-DF nº 5661.
Podemos observar que, nos últimos anos, a economia brasileira não seguiu o padrão que caracteriza a condução das políticas econômicas nos países que integram o ranking das maiores economias do planeta. O resultado é que saímos do nono lugar para ocupar momentaneamente o décimo segundo posto entre as maiores economias. O que convenhamos é algo ainda significativo.
Mas, a queda do Brasil no ranking das maiores economias do mundo, gera muita frustração e é ainda mais preocupante na medida em que se identificam componentes estruturais (e não apenas conjunturais como é o caso da pandemia) para esta realidade, restringindo a perspectiva de expansão da economia brasileira e o retorno aos patamares anteriormente observados.
A gestão das políticas econômicas levada a efeito pelo atual governo brasileiro reflete mais a preocupação com eventos domésticos do que com as práticas positivas observadas no contexto internacional. O Brasil tem negligenciado sua participação nas cadeias globais de comércio, perdendo muita competitividade e credibilidade que já haviam sido conquistadas.
A expectativa de fraco desempenho do PIB para este ano de 2021, após uma contração de 4,1% em 2020, atesta que a recuperação econômica será menos gradual do que se esperava. Ademais, temos observado um aumento significativo da depreciação cambial com reflexos nocivos no aumento de custos na produção e na depreciação dos ativos reais da economia brasileira.
É crucial que o governo avance com a consolidação fiscal e as medidas de ajuste. Se isso não ocorrer, essa dinâmica pode, se tornar um entrave para o retorno do Brasil ao clube das dez maiores economias.
Os levantamentos e os estudos promovidos por organismos e agências de risco internacionais interferem diretamente nas expectativas de investimento no país. Uma visão de sustentabilidade econômica aliada à implementação do conjunto necessário de reformas no campo administrativo e fiscal, contribuiriam para uma percepção positiva em relação ao futuro do país. Sem estabilidade fiscal, não se pode garantir que a inflação continuará bem-comportada. Sem crescimento não existem garantias de que haverá uma melhora na percepção de risco do Brasil e, lamentavelmente, continuaremos a assistir o nosso próprio empobrecimento.
César Augusto Moreira Bergo, é Presidente do CORECON-DF. Economista, sociólogo e mestre em finanças e especialista em administração estratégica e governança corporativa pela FIA/USP. Professor de pós-graduação universitária e de diversos cursos no mercado financeiro. Atua há mais de 40 anos no mercado financeiro tendo exercido cargos de executivo em bancos, corretoras e distribuidoras de valores, além de possuir diversas certificações para atuar no mercado financeiro.
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Muito bom texto. Oportuno conciso e objetivo. Parabéns.
Caro Bergo, o país exige reformas e você menciona as duas mais importantes: a administrativa e a fiscal. Parabéns pelo texto.