Conselho Regional de Economia do Distrito Federal – Corecon-DF
Grupo de Conjuntura Econômica – relatório da Reunião nº 02/2013, realizada em 16/02/2013
Tema: Desafios da política econômica na era pós-crise mundial
Os dados apresentados pelo staff do Fundo Monetário para a reunião de fevereiro do G-20 em Moscou sugerem que a crise mundial que se iniciou em 2007 arrefeceu, mas não terminou de forma alguma. O crescimento da China, se bem que a passos mais lentos, parece continuar sendo fator determinante da moderada expansão não só da economia mundial, mas também do comércio exterior brasileiro.
Ficou patente que o Fundo Monetário Internacional é no máximo um coordenador de políticas econômicas internacionais, uma vez que as suas análises e avaliações já não são levadas em conta com a importância de outrora. Seus parcos recursos indicam que não pode prescindir da cooperação de outros organismos internacionais que participam na definição das políticas mundiais de ajustamento. O mundo caminha para um multilateralismo em que os países e instituições têm cada vez menor força, individualmente. Alguns presentes, no entanto insistiram que o papel do FMI hoje é mais relevante que no passado imediato, já que Obama resgatara a função do Fundo e do Banco Mundial, há quatro anos, na reunião do G-20 em Londres, dando-lhes maior peso que anteriormente.
As autoridades brasileiras parecem estar reagindo com atraso ao que está ocorrendo na economia mundial, como se esperassem que o mundo retornasse naturalmente às condições anteriores de 2007. Não se vê uma política firme das autoridades, que continuam tomando medidas pontuais, sem mostrar ânimo para formular uma política consistente de desenvolvimento.
O governo brasileiro admite que haja falta de trabalho qualificado para a retomada do crescimento, com o que todos evidentemente concordam. No entanto, nada faz para apressar o treinamento da mão de obra, enquanto que as mudanças no comércio mundial ocorrem rapidamente, exigindo também rápido aumento da produtividade nacional. Alguns setores da indústria brasileira, bem protegida por barreiras alfandegárias crescentes, têm lucros excessivamente elevados, por absoluta falta de competição.
A discussão sobre inflação mostrou posições divergentes entre os participantes. Alguns frisaram que a redução de juros realizada em agosto último foi precoce e com isto o país está pagando hoje um preço elevado para conter as expectativas inflacionárias. Outros acharam que a posição do Banco Central foi correta, uma vez que os juros internos estavam claramente acima do resto do mundo e eram fator condutivo à especulação cambial, por favorecer a entrada de capitais de curto prazo.
Ficou claro que todos consideram que a indexação de preços de longo prazo, particularmente em serviços públicos concedidos, é a consequência de políticas monetárias duvidosas, que favorecem a volatilidade da inflação, e não seu arrefecimento. Todos concordaram que a alternativa de controle da inflação via câmbio é ineficaz, dados os resultados meramente conjunturais, deixando-se de levar em conta que o comércio internacional tem peso reduzido na economia brasileira. Além disso, aumenta a volatilidade cambial, já que desestimula a entrada de investimentos diretos, pela ausência de regras estáveis. Alguns dos presentes lembraram que a moeda chinesa estava valorizada e que esse fato era importante para a estabilidade dos preços do país, muito embora a taxa de poupança na China fosse tão diferente da do Brasil.
A discussão sobre o zig-zag das políticas governamentais centrou-se nos portos, em que as mudanças foram radicais, porém confusas. Foi mencionado que, mesmo objeto de medida provisória, é importante que o governo dê publicidade a seus projetos, para se desenvolver um debate democrático. O governo parece estar certo que a solução dos problemas brasileiros passa pela simples criação de uma estatal ou de uma nova agência governamental, sem mão de obra especializada e sem tradição no setor.
Em relação à economia do DF, destacou-se que as vendas de Natal foram baixas, já que os devedores de mútuos preferiram reduzir suas dívidas e sair da inadimplência, a assumir novos compromissos. Em outras palavras, os consumidores estão se tornando mais sensíveis ao nível da taxa de juros em detrimento do valor da prestação, o que é saudável, mas que pode gerar menor expansão de demanda.
A próxima reunião foi marcada para 23.3.2013, às 9h30m.
Lista de presença da reunião de 16.2.2013
- Augusto Hiromu Emori
- Carlos Eduardo de Freitas
- Flaviano Pereira Trindade
- José Eustáquio M. Carvalho
- José Luiz Pagnussat
- José Roberto Novaes de Almeida
- Jusçanio de Souza
- Leila Daniella R. Ferreira
- Mário Sérgio Fernandez Sallorenzo
- Ronaldo Galloti
- Silas Franco de Toledo
- Túlio E. Marques Jr.