Brasilienses criam menus especiais para garantir vendas da Páscoa; confira opções
Para assegurar as vendas durante a Semana Santa e sem aglomerações, restaurantes e chefs montam ofertas atraentes
Calçadas vazias, lojas fechadas. Isolamento social que salva vidas e obriga a sociedade a se reinventar nos negócios e na vida pessoal. Como vender, se o consumidor não aparece? E como pagar as contas, se não vende? Hora de reduzir preços, renegociar, refinanciar e, mais do que nunca, reinventar-se. É o caso de restaurantes do Distrito Federal, que encontraram novas saídas durante a Semana Santa para não perder a chance de faturamento. O plano? Assegurar as vendas, sem promover aglomerações.
Com a chegada do período da Páscoa, o restaurante especializado em parmegiana Aquela Parmê decidiu criar um prato especial para a comemoração da data. O dono do estabelecimento, Mauro Gonçalves de Souza, 40 anos, optou em trazer para os brasilienses a parmegiana com peixe e camarão, que acompanha arroz branco e purê de batata. “A ideia foi pensar em algo que combine com a data, com ajuda do meu amigo chef Wilson Brandão. A gente estava aqui, normalmente brincando de cozinhar, e eu falei ‘Bora fazer?’ Ele topou, e a gente botou a mão na massa”, diz.
O empresário conta que é a primeira Páscoa do restaurante, porque eles inauguraram o negócio em maio do ano passado. “O restaurante foi sucesso absoluto e imediato. Hoje, quase um ano depois, temos 10 funcionários”, destaca. “Eu montei um negócio que já nasceu adaptado para a crise. Aquela Parmê nasceu na crise”, ressalta.
Famosa em Brasília, a Pizza César também precisou adaptar-se às novas realidades. Leonardo Antunes, 43, sócio do estabelecimento, conta que, para a Páscoa, foi lançada a uma pizza especial. “Nós fizemos uma parceria com a chocolateria Simple, que é uma marca original de Brasília, famosa pelos seus Cup’s de Chocolate meio amargo, recheados com amendoim”, detalha.
De acordo com Leonardo, a pizzaria tem como proposta comprar do mercado local. “Em todas as promoções que fizemos desde o início da pandemia, procuramos prestigiar os fornecedores locais. Para a Páscoa, não poderia ser diferente”, afirma. Por isso, a empresa tem trabalhado na compra de insumos procurando parcerias com fornecedores da região que conseguiram negociar com melhor custo-benefício. “Neste momento, que nosso consumidor está muito sensível a preço, estamos procurando sempre levar as melhores ofertas com os melhores insumos”, completa.
Diferencial
Com a pandemia afetando a realidade de muitos estabelecimentos do DF, o economista César Bergo, presidente do Conselho de Economia do DF, diz que as mudanças implementadas nos menus de bares e restaurantes são vistas com bons olhos. “É importante que haja um diferencial no marketing para atingir o consumidor”, pondera.
Para isso, o especialista explica que a criação de novidades pode ajudar nas vendas. “É preciso criar produtos diferenciados, situações em que o consumidor se identifique melhor. Em um novo canal de distribuição, que é o e-commerce, os empresários precisam oferecer caminhos para que o consumidor não fique perdido com a infinidade de coisas que encontra na internet. Sendo assim, é preciso que haja uma boa comunicação para colocar os produtos no mercado”, reforça.
Inovações
Há 18 anos no mercado de Brasília, o Dudu Bar e Restaurante decidiu inovar na Semana Santa. Criou pratos para alcançar os clientes que fazem restrições gastronômicas durante o feriado. Dentre eles, estão o Bacalhau da Alegria e a Paleta de Cordeiro, invenções do chef de cozinha e responsável pela empresa, Dudu Camargo, 49. De acordo com o chef, o período da pandemia é de incertezas. Por isso, a necessidade de mudanças. “Fizemos algumas adaptações, entre elas nos inserir no meio delivery. Mas ainda estamos no processo de adaptação, muito por conta do cenário em que estamos vivenciando”, conta.
De acordo com Dudu, é a primeira vez que o restaurante aposta em um menu para encomendas de Páscoa. “Nos anos anteriores, a gente costumava receber os clientes em nossa unidade e celebrar com eles essa data”, conta. Apesar de estarem abertos, o chef diz que a falta de clientes é compreensível. “Mesmo seguindo todas as medidas de segurança necessárias para o momento, e querer ter nossos amigos e clientes ao nosso lado, entendemos o momento e optamos, também, por oferecer para aqueles que não se sentem seguros em ir às ruas, a chance de apreciar a nossa comida em casa”, explica.
Chef do Le Parisien Bistrot, Leandro Nunes, 35, adaptou o cardápio do restaurante. “Vamos fazer um arroz de bacalhau, que será servido no almoço. Os clientes podem saborear aqui, em casa ou pedir delivery, take-out. Fizemos um prato de peixe para comemorar a data. E para reduzir perdas, além de atrair os clientes, estamos tentando criar pratos que usem a mesma base de ingredientes e redução de produção”, explica.
A perda de faturamento da empresa desde o início do lockdown fez com que o restaurante procurasse inovação. “Tivemos de diminuir a equipe e criar um sistema de delivery que não existia, inclusive criando pratos ou lanches específicos para essa nova demanda. Com a reabertura, esperamos que os clientes voltem a frequentar o restaurante, mas com um público ainda reduzido”, pondera. Com o passar dos meses, e com mais pessoas sendo vacinadas, Leandro acredita que o número de vendas voltará a crescer. “Esperamos, um dia, conseguir voltar a encher as nossas casas, cobrir nossos prejuízos e sobreviver a essa terrível fase que estamos passando de crise sanitária e financeira”, completa.
Temporada de chocolate!
Além das opções deliciosas de comidas salgadas para aproveitar em família, é inevitável não esquecer dos ovos de páscoa nesta época do ano. A empreendedora e estudante de medicina Marina Ayumi Silva, 22, traz opções de doces saudáveis para os brasilienses. Marina começou a vender doces fit durante a pandemia. Ela diz que sempre teve um “espírito empreendedor” e que sonhava em ter o próprio negócio para alcançar a independência financeira.
Em julho, abriu a Ayumi Doces do Bem e, desde então, a empresa só cresce. “É um mercado que a gente não tem em Brasília. Esse ramo da confeitaria saudável não é tão expandido aqui”. Com a chegada da Semana Santa, Marina recebeu 290 encomendas e decidiu prolongar os pedidos até depois do feriado. “Os feedbacks têm sido muito positivos”, comenta.
Em meio à crise
Apesar das dificuldades, as empresárias Mariana Palis Horta, 35, e Fernanda Mara Toledo, 38, ousaram durante a pandemia: criaram a confeitaria e doceria Mary Mara Fest. A empresa, ainda informal, promove a venda de kits festa, doces, quiches e, agora, ovos de páscoa. Formada em direito, Fernanda diz que a ideia da loja veio em unir habilidades. “Nós somos amadoras mesmo. Ela formou-se em gastronomia e resolveu focar na confeitaria. Eu fiz curso de decoração, então cuido disso e da parte do marketing ou redes sociais. Ela está me ensinando a confeitaria, sou assistente”, brinca Fernanda.
Para a Páscoa, Mariana oferece uma variedade de gostosuras. “Como a gente trabalha com doces e bolos, sempre aproveitamos datas festivas para lançar um cardápio conforme a época”, explica. Para ela, o ovo caseiro torna-se um diferencial. “Os preços estão exorbitantes, passam de R$ 100, a depender da marca. Às vezes, compensa mais comprar várias barras. E a gente oferece um produto com qualidade e com preço justo, além de conseguir personalizar ao gosto dos clientes”, completa. (Colaborou Luana Patriolino)