Grupo de Conjuntura
Reunião de 27.6.2015
Tema: “Os indicadores da economia divulgados em JUNHO e perspectivas”
Redução das metas de superávits primários de 2015 e 2016 – Recuo tático ou batida em retirada?
Sumário da Reunião
A maior parte dos participantes manifestou forte preocupação com os rumos crescentes da inflação. Foi dito em linguagem metafórica que basta qualquer soluço para a inflação corrente chegar a dois dígitos, colocando o país em uma situação perigosa (maior estímulo à reindexação) e desfavorável no mundo.
A situação fiscal está mais desalentadora que no mês anterior. Os gastos obrigatórios continuam crescendo em termos reais, o que tem obrigado o governo a reduzir os investimentos, com resultados danosos para a economia. A despesa está aumentando bem mais rapidamente que a receita líquida total, gerando uma desconcertante redução do resultado primário em janeiro-maio, de 1,4% do PIB em 2014 para 1,1% em 2015, com o agravante de que, no caso do governo central, na mesma comparação, a queda foi de 0,81% do PIB para 0,28% do PIB (de R$ 18,1 bilhões, para R$ 6,7 bilhões).
No acumulado de 12 meses (até maio) o déficit primário foi de 0,68% do PIB e o nominal de 7,90% do PIB. A maior preocupação dos economista presentes foi com a Dívida Bruta do Governo Geral (DBGG) que continua sua trajetória ascendente, cresceu 3,6p.p. do PIB neste primeiro quadrimestre de 2015, alcançando 62,5% do PIB. Em dezembro de 2013 era de 53,3% do PIB, ou seja, acumula crescimento de 9,2p.p. do PIB nesse período de 28 meses.
Os participantes, em sua maioria, consideraram que reduzir a meta de superávit é uma atitude positiva para consolidar as expectativas, que estão dispersas, e reduzir a tolerância dos agentes econômicos com o déficit fiscal.
As “pedaladas” fiscais do último ano ainda não foram resolvidas, quer juridicamente quer politicamente, criando incertezas crescentes. A interpretação e as estimativas do Tribunal de Contas ainda estão por ser corroboradas pelo Congresso no âmbito da apreciação das Contas da Presidente. O programa de ajuste fiscal do governo sofre ajustes no Congresso e novas despesas são criadas tanto no legislativo como no próprio executivo.
No controle da inflação, a manutenção da meta para o próximo ano em 4,5%, foi apoiada pelos presentes, assim como a redução da margem de tolerância, de dois para 1,5 ponto percentual, sinalizando que neste momento difícil o governo está firme em seu propósito de conter a alta de preços já no próximo ano, dada sua incapacidade de ser mais efetivo em 2015.
Muito embora todos concordassem que o fator previdenciário pune os que começam a trabalhar mais cedo, a fórmula alternativa encontrada (85/95), subindo gradualmente (a 90/100) até 2022, não resolve o problema do desequilíbrio da Previdência e faz com que o debate seja retomado. Falou-se que dessa forma o Brasil estava seguindo o caminho da Grécia com aposentadorias fartas e liberais, ao mesmo tempo em que tem metade da renda per capita grega.
Dentre os indicadores analisados, suscitou comentários o crescimento da taxa de desemprego de 1,8 p.p. entre maio de 2014 e maio de 2015, sendo que a queda do emprego foi de 0,6 p.p. e o aumento da população que procura emprego foi de 1,2p.p. Esse crescimento da população economicamente ativa, de 1,2p.p, revela o maior pessimismo da população com a manutenção dos empregos e da renda familiar e a busca de emprego por uma parcela da população que não estava inserida no mercado de trabalho.
Os participantes mostraram acentuada preocupação com a perspectiva do aumento dos juros nas próximas rodadas do Copom, que poderia estimular excessivamente a entrada de capitais especulativos e dessa forma inibir a desvalorização do real. O aumento da taxa de câmbio nominal não pode ser abortada neste momento, diante do aumento da inflação interna e da necessidade de se aumentar a exportação.
Lista de participantes
Guidi Nunes
José Fernando Cosentino Tavares
José Luiz Pagnussat
José Roberto Novaes de Almeida
Luzimar Pereira
Silas Franco de Toledo
Túlio Marques Júnior
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