Conselho Regional de Economia do Distrito Federal – Corecon-DF
Grupo de Conjuntura Econômica – relatório da Reunião nº 04/2013, realizada em 23/03/2013
Tema: Novos dados da economia brasileira
O Grupo se debruçou sobre os novos dados sobre o comportamento da economia oficialmente divulgados desde a 2ª. Reunião, em 16 de fevereiro de 2013.
A primeira boa notícia veio do Banco Central, que estimou o crescimento da atividade econômica (IBC-Br) em 1,29% no mês de janeiro, relativamente a dezembro de 2012, e em 2,7% (dessazonalizado) em relação ao mesmo mês de 2012. Comentou-se o crescimento decepcionante em 2012, o debate recente sobre a metodologia de cálculo do valor adicionado pelo setor financeiro e o fato de que a elevação previsível dos juros básicos em 2013 favoreceria, por esse lado, as estatísticas do PIB apuradas pelo IBGE. Outro dado promissor foi o de crescimento da produção industrial em janeiro, com o IBGE mostrando índice de 2,5%, com destaque para a produção de bens de capital com crescimento de 8,2% no mês.
O IPCA até fevereiro e o IPCA-15, de março, estão mostrando a inflação mensal em queda, embora tenha sido lembrado que no acumulado de 12 meses ainda há espaço de alta adiante (os índices de março, maio e junho de 2012 foram baixos). Nos 2 meses o IPCA acumulou 1,47% para as capitais pesquisadas e 1,23% no DF, destacando-se o aumento bem acima da média de gastos com alimentação no domicílio (arredondando: 4,2% e 5,2%, respectivamente). A farinha de mandioca subiu quase 40% em nossa capital, o tomate, mais de 65%, e aves e ovos mais de 8% (sendo frango em pedaços, 10%, refletindo o aumento do preço do milho e do soja). O grupo educação teve alta superior a 5%, com a renovação de matrículas escolares.
Atenuaram essas variações a queda das despesas do grupo habitação, e em particular com o item energia elétrica residencial (de -18,5% no geral e de -15,6% em Brasília); e transportes públicos, praticamente estáveis nas capitais pesquisadas e com forte recuo no DF, atribuído principalmente ao barateamento de passagens de ônibus intermunicipais e aéreas.
A discussão que se seguiu acentuou as iniciativas heterodoxas do governo federal para conter preços mediante o adiamento do reajuste de passagens urbanas (até fevereiro esse item cresceu menos de 1% no país e foi nulo no DF) acertado com governos estaduais e prefeituras das capitais; redução nas sobretaxas sobre importados; a já comprovadamente eficaz redução das tarifas de energia elétrica como condição para renovação das concessões que venciam até 2017; e, ainda por se refletir nas estatísticas, redução de impostos federais sobre o consumo e negociação com grupos varejistas para garantir seu repasse ao consumidor.
A balança comercial até a 3ª semana de março registrava déficit, acumulado no ano em US$ 5,5 bilhões. O mercado vem revendo rapidamente para baixo seu prognóstico para o saldo em 2013, hoje estimado em US$ 13 bilhões. Os participantes culparam em parte os gargalos de infraestrutura e o congestionamento dos portos pelo mau desempenho das exportações e lembraram, para piorar o cenário, do cancelamento recente de encomenda chinesa de 2 milhões de toneladas de soja, por atrasos no embarque. Foram comentadas as longas esperas dos navios por conta da safra recorde de grãos, do caos logístico (Paranaguá e Santos), as diárias nos portos e os fretes rodoviários exorbitantes – diferem notávelmente em relação à ferrovia ou hidrovia – e as dificuldades para aprovação da MP 595/2012, que estimula investimentos privados em terminais e permite a contratação direta de estivadores.
Nossas exportações recuaram 5,5% em janeiro-fevereiro, na comparação com o mesmo bimestre de 2012. Foram menos US$ 2,65 bilhões embarcados, praticamente o mesmo tamanho da queda das exportações de combustíveis e lubrificantes (US$ 2,62 bilhões). Caíram as exportações de manufaturados: bens de capital diminuíram quase US$ 1 bilhão, enquanto bens de consumo cresceram US$ 500 milhões, puxados por produtos alimentícios, o principal item do grupo. Subiram matérias primas e produtos intermediários em outros US$ 500 milhões, embora a exportação de produtos minerais tenha caído; por outro lado, alimentos para animais aumentaram US$ 1,25 bilhão, mais que dobrando em valor com a quintuplicação da quantidade de milho vendida ao exterior. O Grupo notou ainda a evolução considerável de valor e quantidade do etanol.
Examinando por categoria de uso as importações brasileiras, o Grupo ressaltou aspectos positivos e negativos da alta de US$ 3 bilhões, bimestre contra bimestre do ano anterior: US$ 2,1 bilhões foram por conta de combustiveis e lubrificantes, porém bens de capital cresceram quase US$ 540 milhões e matérias primas e produtos intermediários, quase US$ 790 milhões, indicando novos investimentos e a aceleração da atividade econômica. Ainda, importações de bens de consumo caíram quase US$ 420 milhões no bimestre.
As contas públicas, embora não estivessem disponíveis os dados do Banco Central para o bimestre, mostravam piora considerável no âmbito da arrecadação da Secretaria da Receita em fevereiro e até o mês. A arrecadação dos tributos administradas pela SRF em janeiro tinha sido recorde, crescendo mais de 6,7% em termos reais (IPCA) na comparação com o mesmo mês de 2012. Em fevereiro, a variação real foi negativa e no acumulado do bimestre, o aumento caiu para 3,7%. Em valores de fevereiro de 2013, no bimestre foram R$ 6,7 bilhões a mais de receita. Dos impostos sobre lucros vieram mais R$ 3,6 bilhões em relação ao mesmo bimestre de 2012, e de tributos sobre o faturamento (PIS/Cofins), outros R$ 2,5 bilhões, e houve aumentos em outras receitas, principalmente da Previdência (R$ 3,6 bilhões), apesar das desonerações recentes. As principais quedas foram na Cide-combustíveis, cuja alíquota está em zero, e no IOF, pela redução de alíquotas.
Em relação ao setor público consolidado, foi comentado, a partir de dados até janeiro, que a falta de orçamento aprovado ajudou consideravelmente no superávit recorde do Tesouro obtido no mês, de R$ 26,1 bilhões, R$ 5,3 bilhões maior que em 2012. A lei orçamentária ainda não foi sancionada, podendo ocorrer novo recorde em fevereiro, e mesmo em março, apesar da piora da arrecadação federal. O Grupo comentou, sobre outros indicadores fiscais, que o ritmo da queda da dívida líquida do setor público foi bem menor em 2012 que em exercícios que se seguiram à crise financeira internacional, e que isso se deve a baixos crescimento econômico e resultado primário. Foi notado ainda pelos participantes a contribuição da queda da taxa Selic para a despesa líquida com juros, que só não foi mais forte por conta da pequena remuneração das aplicações do Tesouro Nacional em empréstimos ao BNDES e na compra de reservas.
Lista de presença da reunião de 23.3.2013
- Dela C. henry
- Hermes Homero
- José Fernando Cosentino Tavares
- José Luiz Pagnussat
- Mônica Beraldo
- Ronaldo Galloti