O Conselho Regional de Economia do Distrito Federal (Corecon-DF) promoveu nesta quinta-feira, 30 de agosto, o III Fórum de Debate Setor Produtivo do Distrito Federal: O que esperar do novo governo?. O evento, que faz parte da programação organizada pelo Corecon-DF em comemoração ao Dia do Economista, foi organizado em parceria com a Federação do Comércio do Distrito Federal (Fecomércio-DF) e realizado na sede da instituição. As discussões foram transmitidas ao vivo na página do Corecon no Facebook. Clique AQUI para acessar os vídeos.
O debate foi coordenado pelo economista José Eustáquio Moreira. Na abertura do evento, ele destacou que eventos com esse são importantes para que os profissionais da área e a população conheçam a realidade econômica do Distrito Federal e que assim possam ter clareza sobre o que esperam de propostas a serem apresentadas pelos candidatos ao GDF no curto, médio e longo prazo.
Já o vice-presidente do Corecon-DF, Eloy Corazza, enfatizou a parceria com a Fecomércio-DF e declarou que o Brasil vive um momento de crise profunda. “A partir de um diagnóstico nós poderemos ter clareza sobre nossas opções de caminhos a seguir e conseguiremos definir o melhor para a sociedade em termos econômicos e sociais”, observou Corazza.
Primeira mesa
O setor produtivo do Distrito Federal foi representado na primeira mesa do fórum, com participação do vice-presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Distrito Federal (Fape-DF), Rogério Tokarski; do assessor da Federação das Indústrias do Distrito Federal (Fibra) Diones Cerqueira; e do economista José Eustáquio Moreira, representando a Fecomércio-DF.
Primeiro a se apresentar, Tokarski afirmou que não há equidade fiscal entre o Distrito Federal, Goiás e Minas Gerais. “Aqui, frigoríficos são super taxados, por exemplo. É por isso que empresários optam por investir em outros estados. Também pagamos uma fortuna em licenciamentos ambientais. Com esse destravamento, nós teríamos mais investimentos e uma maior presença do homem no campo”, reclamou. O vice-presidente da Fape-DF afirmou que a agricultura do DF é considerada uma das melhores do Brasil em produtividade e que poderia ser ainda maior caso houvessem mais investimento no setor e acesso ao crédito.
O representante da Fibra ressaltou que a indústria é vetor do desenvolvimento econômico, visto que as demais áreas do setor produtivo, como agricultura e comércio, dependem de inovações tecnólogicas para serem competitivas no mercado. “Espero que o próximo governo crie condições para que possamos continuar desempenhando esse papel. É necessário pensar em políticas públicas que estejam alinhadas à seguinte realidade: qual setor vai substituir o setor público na geração de empregos? Esse é o grande desafio”, comentou Diones Cerqueira.
Segundo o assessor da Fibra, o Distrito Federal apresenta todas as condições para sair na frente de estados que investem na economia tradicional. “Nós temos o maior número de faculdades per capita do País; uma mão de obra altamente qualificada que tem migrado para outros estados ou países e que poderia estar aqui, gerando valor para a nossa economia”, alertou Cerqueira. Por fim, destacou que o DF possui a maior renda per capita do Brasil, mas que 95% da renda está concentrada na mão de 5% da população, o que revela uma grande desigualdade social.
Em sua fala, José Eustáquio Moreira reforçou as principais dificuldades encontradas pelos comerciantes no DF, entre elas a falta de segurança nos negócios. “Episódios de violência estão cada vez mais frequentes. É preciso inibir os assaltos aos comércios e às pessoas”, refletiu. Para o representante da Fecomércio-DF, também é preciso que o novo governo local invista em uma maior transparência das contas públicas e que racionalizem os gastos. “O que vemos hoje é que gastam muito e gastam mal”, afirmou.
Segunda mesa
Humberto Ribeiro, assessor do candidato Alexandre Guerra (Novo), defendeu a necessidade de mudar o sistema operacional vigente. “Nós chegamos ao limite da indecência. Precisamos mudar a gestão radicalmente. A população já entendeu que sem uma coesão de propósitos e mudanças operacionais nada acontecerá”, afirmou. Entre as ações para recuperar a economia do Distrito Federal, defendeu a simplificação da estrutura do governo para 11 secretarias, além da redução dos cargos comissionados pela metade.
Assessor da candidata Fátima Sousa (PSOL), Leandro Freitas Couto também defendeu a redução de cargos comissionados e a reestruturação de carreiras no setor público, além de uma gestão eficiente do Estado que esteja focada em investimentos. Couto avaliou que as empresas estatais devem ser fundamentais para o desenvolvimento do Distrito Federal. “Nós vamos fortalecer e qualificar a atuação do BRB (Banco de Brasília), para que seja promotor do desenvolvimento da região Centro-Oeste”, pontuou. O assessor de Fátima Sousa também prometeu a criação de laboratórios de inovação. “É preciso pensar em atividades motrizes que puxem a economia e que possam trazer para discussão as estratégias de desenvolvimento a longo prazo”, disse.
Cairo Tavares, assessor da candidata Eliana Pedrosa (Pros) defendeu a criação de políticas públicas que valorizem os indivíduos nas famílias e a integração estratégica entre áreas como acessibilidade, segurança pública, saúde e educação como forma de gerar desenvolvimento local. Ao abordar a sustentabilidade, indicou a substituição das atuais lâmpadas no DF por novas que contenham roteadores de internet e câmera de segurança. Em relação ao ajuste fiscal, também destacou a redução do número de funcionários comissionados. Quando questionado sobre a diversificação da atividade produtiva nas regiões administrativas, defendeu o desenvolvimento do artesanato local.
Terceira Mesa
Representante do candidato Júlio Miragaya (PT), José Ricardo afirmou que o desenvolvimento do Distrito Federal passa pelo duro combate à desigualdade social e integração com a área metropolitana e com sustentabilidade ambiental. “Muitas vezes a gente pensa um conjunto de soluções para o DF mas apartadas de uma região tão próxima e que participa tanto da nossa economia, dos nossos serviços públicos, ou seja, tem uma integração real que muitas vezes o governo local não compreende e não enfrenta desintegração”, observou. Nesse sentido, o representante de Miragaya anunciou a criação de uma Agência Metropolitana, que atuaria como investidora e ajudaria a organizar o processo de industrialização da região. “Ela tem que gerar uma rede nas cidades vizinhas para que ali tenha emprego e o mínimo de desenvolvimento econômico e, assim, a gente diminua a pressão sobre o DF”, explicou José Ricardo.
Por fim, o secretário de Gestão do Território e Habitação do Distrito Federal, Thiago Teixeira de Andrade, representou o governador Rodrigo Rollemberg (PSB), candidato à reeleição. Ele afirmou que o eixo prioritário que articula território do ponto de vista de uma cadeia produtiva, é o quadrante oeste do DF, que vai do Gama, a Ceilândia, podendo se estender a Brazlândia, Vicente Pires e Águas Claras. “Ali vivem cerca de 1,6 milhão de pessoas, mais do que a metade da população do DF, e é o grande foco de crescimento econômico e de descentralização dos empregos”, explicou. Segundo Andrade, já existe uma migração de mão de obra do plano piloto para Taguatinga, Ceilândia, Samabaia, com reconfiguração de fluxos econômicos, de mobilidade e de empregos. “O quadrante oeste já está mais ligado a Taguatinga, Ceilândia e Samambaia do que ao plano piloto. Portanto, políticas de descentralização devem ser pensadas sim, mas de forma responsável. Caso contrário, vamos inclsuive gerar uma grande decadência econômica do plano piloto, o que poderá ser prejudicial a vários aspectos da vida pública no Distrito Federal, desde as questões da preservação do patrimônio moderno a uma série de outras questões do comércio de varejo”, afirmou.