Aumento na inflação de serviços faz consumidores serem mais seletivos
Em um ano, vários serviços subiram mais que inflação oficial divulgada na semana passada, de 6,5%, como o transporte escolar as manicures.
O brasileiro já sentiu no bolso: mesmo com a inflação em queda, muitos serviços estão subindo acima da média. Transporte escolar, consultas médicas, a lista é grande. Aumentos que já provocaram mudanças no comportamento dos consumidores.
É uma nova adaptação no orçamento familiar diante da inflação sobre serviços. Como não dá para cortar de vez o banho do cachorro na pet shop, a sessão de fisioterapia, consumidores têm procurado ser mais seletivos e usar com menos frequência esses serviços.
Com oito anos, a Victória depende do transporte escolar. Cento e vinte reais todos os meses. Uma despesa que a mãe dela já botou no orçamento fixo da casa.
Tem coisa que não dá para abrir mão. E essa é uma delas, porque é uma forma de você se sentir segura”, diz a empresária Christina Salles.
A inflação do transporte escolar, em 12 meses, chegou a 10,4%.
A dona Marilda tem um plano de saúde. Mas muitas vezes precisa de médico que o convênio não cobre. “A gente precisa do médico. Tem que pagar”, diz a aposentada Marilda Mello.
A inflação dos médicos, também em 12 meses, foi de 11,6%. E a vaidade, então, manicure, inflação de 12,9%.
“A gente tenta driblar. Uma semana faz o pé, uma semana faz a mão para tentar ficar no nosso orçamento mensal”, declara a empresária Carolina Beliche.
Ou deixam de fazer. “Não dá pra fazer toda semana”, diz Ana Silvia.
Para as manicures sobram reclamações e explicações. “Ela fala que é supérfluo, né? Então com aumento de custo, de alimentação, creche, escola, combustível, aumentos gerais que estão tendo, aí elas acham que tem que vir a cada 15 dias em vez de cada semana”, diz Luiza Andrade, manicure.
Inflação de serviços, que para muita gente não é supérfluo. Não dá mesmo para cortar. E vários itens subiram muito mais que a inflação oficial divulgada na semana passada, 6,5% nos últimos 12 meses.
Os economistas têm uma explicação para essa diferença toda. A economia que cresceu nos últimos anos e melhorou a renda de muita gente que passou a consumir mais. E aí todo mundo já sabe. Muita procura, maior que a oferta, o preço dos serviços disparou.
O professor da Universidade de Brasília lembra, ainda, que a inflação de serviços não tem safra, nem entresafra. E também não tem uma concorrência que ajudou a segurar os preços de outros setores da economia. “Diferente, por exemplo, dos produtos industriais, porque na área de serviço você praticamente não tem a concorrência da importação”, diz o professor Piscitelli.
Econonista, o professor Piscitelli não considera um outro detalhe. Que tem muito peso na inflação de serviços. O que faz com que a Juliana, a Arlete não abram mão da manicure. Cara ou não.
“É pré-requisito de beleza. Tem que estar sempre cuidada”, diz a vendedora Juliana Bandeira.
“Mas compensa, é bom fazer a unha”, diz a caixa Arlete Amorim.
Fonte: Bom Dia Brasil (TV Globo)