Após três dias de enriquecimento científico, o XX Congresso Brasileiro de Economia (CBE 2013) finalizou com saldo positivo. A edição realizada em Manaus esteve entre as recordistas de público, alcançando 1,2 mil participantes. O CBE 2013, com o tema “Economia verde, Desenvolvimento e Mudanças econômicas globais”, foi promovido pelos Conselhos Federal de Economia (Cofecon) e Regional de Economia do Amazonas (Corecon-AM) e contou com a participação do prefeito de Manaus, Arthur Virgílio Neto, na cerimônia de encerramento do evento.
De acordo com o presidente do Corecon-AM, Marcus Evangelista, um dos pontos que chamou a atenção foi o interesse dos estudantes. “Todos os mini-cursos e as palestras temáticas mostraram um público intenso e ávido por conhecimento” destacou. Evangelista citou como exemplo o mini-curso oferecido pelo presidente interino do Confecon, Luiz Alberto de Souza Aranha Machado, intitulado “Criatividade e Economia Criativa”, que alcançou a participação de mais de 400 pessoas, que aprenderam sobre a necessidade de que o profissional pense de forma inovadora.
Diante de todos os contratempos, até mesmo com a baixa de alguns palestrantes, como no caso do economista polônes, Ignacy Sachs, que não pôde comparecer por problemas de saúde, o coordenador regional da Comissão Técnica do CBE 2013, José Alberto Machado, comentou que o evento foi especular em todos os sentidos. “Acho que a primeira coisa que chamou a atenção foi a qualidade científica, mediada pelo nível dos participantes. As pessoas estavam indecisas para saber a qual local ir. Os palestrantes contribuíram de forma intensa. Os participantes ficaram atentos o tempo todo”, pontuou.
A economista Caroline Vasconcelos foi uma das participantes. Segundo ela, que também expôs trabalho científico no CBE 2013, o evento foi enriquecedor, especialmente quando tratou da temática sobre desenvolvimento regional, no qual ela possui o título de mestrado pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Gincana Nacional de Economia
Com a missão de introduzir de forma criativa as práticas econômicas, o CBE 2013 contou com a III Gincana Nacional de Economia. A dupla de universitários paranaenses William Eidt e Tiago Elias venceu a competição. Os dois são da Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), da cidade de Francisco Beltrão, e levaram o prêmio de R$ 3 mil, além de medalhas e troféu.
Ao todo, 25 duplas participaram da gincana. Ficaram em segundo e terceiro lugar, respectivamente, as duplas do Rio de Janeiro e São Paulo.
Um evento realizado em Manaus de forma paralela ao XX Congresso Brasileiro de Economia foi a terceira edição da Gincana Nacional de Economia. Durante dois dias, estudantes competiram entre si medindo conhecimentos num jogo eletrônico que simula a utilização de variáveis macroeconômicas.
Ao todo foram 25 duplas inscritas, divididas em quatro grupos. Em cada grupo, todas as duplas jogavam entre si, classificando as duas melhores para a fase de quartas de final. A dupla de estudantes da Universidade de Brasília (UnB), Luis Guilherme Alho Batista e Nicolas Powidayko Vanzela competiram mas não se classificaram para a final. A cerimônia de premiação foi realizada durante a solenidade de encerramento do XX Congresso Brasileiro de Economia. Os primeiros colocados receberam prêmios de R$ 3 mil, R$ 2 mil e R$ 1 mil, respectivamente, sendo estes valores divididos entre os integrantes da dupla.
Próximo Congresso
Como já é tradição, os economistas presentes votaram, ao fim, para eleger onde será realizado o próximo congresso. Concorreram os Corecons de Mato Grosso e Paraná, tendo sido escolhida Curitiba para ser sede do XXI CBE que será realizado em 2015. A diferença foi apertada ficando Curitiba com 64 votos e Cuiabá com 60 votos.
Carta de Manaus
Durante a plenária de encerramento do XX Congresso Brasileiro de Economia, foi aprovada por unanimidade a Carta de Manaus. Entre as recomendações expressas no documento estão a necessidade de criar métodos para mensurar os ativos naturais, o estímulo à utilização de insumos renováveis, a necessidade de encontrar modos de produção mais sustentáveis para setores da economia que geram riquezas, mas têm grande impacto no meio ambiente e a necessidade de reduzir as desigualdades regionais.
Leia abaixo a íntegra do documento:
Com o tema “Economia verde, desenvolvimento e mudanças econômicas globais”, o evento reuniu, em Manaus-Amazonas, de 04 a 06 de setembro de 2013, em torno de 1.200 economistas, estudantes de economia, pesquisadores, conselheiros do COFECON, presidentes e representantes dos CORECONs, bem como grandes nomes nacionais e internacionais da temática econômica, oportunidade em que foram discutidas formas de medir a sustentabilidade da economia, a reestruturação produtiva global motivada por condicionantes ambientais, as transformações em curso no ambiente das empresas buscando processos fabris mais sustentáveis, as mudanças econômicas promovidas pelas crises e rearranjos das lógicas nos negócios internacionais, os rumos do desenvolvimento do Brasil, com ênfase nas desigualdades regionais e o panorama do empreendedorismo no Brasil e das dinâmicas da economia criativa como frentes de vanguarda da realidade econômica brasileira.
Uma agenda extensa, relevante e contemporânea, discutida por 28 palestrantes ilustres, pelos autores de 66 trabalhos científicos e por congressistas vindos de todo o Brasil, ávidos e participantes, que não se afastaram das sessões até suas finalizações.
Na percepção geral, colhida das manifestações espontâneas, o evento ultrapassou as expectativas e colocou, com seu êxito, novos patamares para serem tomados em conta nos próximos CBEs.
Entre os aspectos relevantes que se tornaram evidentes nas discussões, sobretudo nos painéis temáticos, destacam-se:
1- A necessidade de se ter métodos e métricas adequadas para medir o peso material da economia sobre o ambiente, bem como, para mensurar os ativos naturais e suas depreciações;
2- A urgência em se ter políticas que estimulem dinâmicas econômicas fundamentadas em insumos renováveis e que estejam em consonância com as iniciativas de grande escala apoiadas ou conduzidas pelas agências multilaterais;
3- A imperiosidade das empresas tomarem em conta, como oportunidade estratégica, as demandas por produtos e processos mais sustentáveis continuamente reiterados pela sociedade, formada, cada vez mais, por consumidores conscientes e articulados;
4- A demanda por atenção para setores potenciais geradores de riqueza mas também de efeitos nocivos para o ambiente, como soem ser o mineral e o energético, a fim de que a sociedade continue a contar com suas possibilidades produtivas, devidamente fundamentadas em modos de produção mais sustentáveis;
5- A necessidade das autoridades públicas brasileiras terem em conta as grandes oportunidades que a economia nacional experimenta, com cenários oportunos para tornar-se desenvolvida e mais justa, porém permeadas de obstáculos como aqueles advindos da insuficiente infra-estrutura, da carência educacional em níveis qualificados, da complexidade jurídica para advento e manutenção de empreendimentos privados, do continuo desgaste das representações políticas e outros;
6- A urgência de políticas públicas capazes de diminuir as grandes desigualdades entre as regiões, tendo em vista a necessidade de melhorar as condições de vida dos habitantes das mais carentes, como Norte e Nordeste. Nesse sentido, torna-se imperioso fortalecer e aperfeiçoar as dinâmicas econômicas centrais dos estados dessas regiões, como o Polo Industrial de Manaus, o qual, ademais, tem destacado papel na conservação ambiental na Amazônia Ocidental;
7- A relevância de se fortalecer e ampliar o papel estratégico do empreendedorismo de todas as formas, especialmente, aquelas focadas em negócios ambientais e tecnológicos, bem como, os que decorrem da chamada economia criativa.
Tais questões, distantes de representarem retórica subjetiva de finais de congresso, expressam demandas que requerem consideração em qualquer formulação de rumos estratégicos para o desenvolvimento econômico de base mais sustentável, há muito reclamado pela sociedade brasileira.
Por fim, resta destacar, que a escolha de Manaus para sediar o XX CBE 2013, uma cidade que exubera em seus arredores a mais lídima expressão da Amazônia, expressou bem o tema central do evento. Nessa cidade, às margens do portentoso Rio Negro, os congressistas puderam perceber o quanto é urgente encontrarmos caminhos capazes de aportar riqueza para as nações, qualidade de vida para as pessoas, sem, entretanto, dilapidarmos o capital natural do planeta ou destruirmos os santuários da vida da nossa casa comum.
Manaus, 06 de setembro de 2013.
Sessão Plenária do XX Congresso Brasileiro de Economia 2013
Delegação do Corecon-DF
O Corecon-DF teve seis conselheiros no CBE 2013 foram eles: o presidente Carlos Eduardo de Freitas, Jusçanio de Souza, Newton Marques, Maria Cristina de Araújo, Mônica Beraldo e Roberto Piscitelli que também é conselheiro federal. Os economistas do Distrito Federal Josimar Pereira, Evandro Fazendeiro, Andrea Barros e Gelson da Silva servidores do Serviço de Processamento de Dados do Governo Federal (Serpro), além de Sérgio Dymacal (economista autônomo) também estiveram no evento. O gerente executivo do Corecon-DF, Angeilton Lima, e a assessora de imprensa Camila Fiorese também participaram do evento.
Ascom Corecon-DF com informações Cofecon e Corecon-AM