O XXV Simpósio Nacional dos Conselhos de Economia, realizado em Natal, foi um sucesso de público e organização. A capital potiguar se tornou a capital dos economistas durante os três dias de evento, com a participação de profissionais de todo o Brasil. Mais de 300 economistas se reuniram de 31 de agosto a 2 de setembro no Hotel Praiamar Natal Hotel & Convention. No sábado, 3 de setembro, ocorreram a Plenária Ampliada, com participação dos presidentes dos Conselhos Regionais de Economia, e a Plenária do Cofecon.
O início da cerimônia foi marcado pela apresentação do coral Camerata de Vozes do Rio Grande do Norte, que entoou canções como “Ave Maria” e “Mulher Rendeira”, emocionando o público presente. A mesa diretiva do evento foi composta pelo presidente do Conselho Federal de Economia, Júlio Miragaya; o presidente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Norte (Corecon-RN) e coordenador da comissão organizadora do evento, Ricardo Valério Costa Menezes; o superintendente de Relações Institucionais e de Mercado Helder Maranhão, representando o presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Norte, Amaro Sales de Araújo; o presidente da Ordem dos Economistas do Brasil, Manuel Enríquez Garcia; o presidente da Federação Nacional dos Economistas, Juarez Trevisan; o superintendente estadual do Banco do Nordeste, José Mendes Batista; e o diretor Geraldo Paiva, representando o presidente da Fecomércio RN, Marcelo Queiroz.
Em seu discurso, o presidente do Corecon-RN ressaltou que esta é a primeira vez que o Simpósio é realizado no Nordeste e destacou a fama de bons anfitriões atribuída aos potiguares. Contou também algumas curiosidades sobre o estado, ressaltou a importância de mulheres para a história do País, como a conterrânea Nísia Floresta, e destacou a descriminação com as regiões Norte e Nordeste como um desafio a ser superado. “Manifesto nossa indignação contra a seca de investimentos e eterna discriminação com nossas regiões que têm enorme potencial econômico e turístico, além de um povo trabalhador e determinado a vencer. Isto alimenta uma enorme concentração da renda que gera tanta injustiça social e falta de oportunidades”, opinou.
O presidente do Cofecon destacou a necessidade dos economistas de posicionarem sobre as principais questões econômicas do País e lembrou que o Cofecon tem se esforçado para ampliar a participação no debate nacional, por meio da divulgação de notas técnicas a cada plenária. Lembrou que a data do evento é histórica por conta do impeachment da presidente Dilma Rousseff, consumado nesta quarta-feira. “Nós, como economistas, devemos estar atentos ao que vai acontecer a partir de agora. É importante para nós termos claro que todos queremos a retomada do crescimento econômico. A discussão que vamos travar é como essa retomada se dará. Não podemos querer a retomada do crescimento a qualquer custo, desprezando todos os ganhos sociais que tivemos nos últimos anos”, afirmou.
Em seguida, foram premiados os vencedores do Prêmio Brasil de Economia, criado na segunda metade dos anos oitenta para estimular a produção acadêmica e a disseminação da boa técnica econômica. Foram premiados trabalhos nas seguintes categorias: monografia de graduação, artigo técnico ou científico, dissertação de mestrado, tese de doutorado e livro de Economia. Também foi entregue a honraria Destaque Econômico do Ano 2015. Na modalidade Academia, Paulo Sérgio Fracalanza representou a Universidade de Campinas. O editor-executivo do jornal Valor Econômico, Pedro Cafardo, recebeu a homenagem Destaque Econômico na modalidade Mídia. O coordenador de Contas Nacionais do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Roberto Luis Olinto Ramos, recebeu a honraria na modalidade Desempenho Técnico e o economista José Santana da Costa recebeu homenagem em reconhecimento às suas relevantes contribuições à Ciência Econômica e ao trabalho em prol da categoria dos economistas.
Ao final das premiações, houve palestra “Desafios da Economia Brasileira: previdência e assistência social como instrumento para a redução da desigualdade no Brasil”, ministrada pelo economista Milko Matijascic que teve Rogério Nagamine Costanzi e o conselheiro do Corecon-DF, Roberto Piscitelli, como debatedores e mesa coordenada pelo presidente do Cofecon, Júlio Miragaya.
Em face à situação econômica complicada, que reflete ativamente no orçamento previdenciário, desde os anos 80, os economistas de todo o País buscam formas e soluções para auxiliar na mudança e melhoria deste cenário atual. “O nosso grande problema é a crise econômica e que naturalmente aperta a nossa previdência”, explica Milko Matijascic.
O ‘‘aperto’’ previdenciário se dá pelo desequilíbrio notório que é a desigualdade de beneficiários em relação à classe contribuinte da população brasileira. No Brasil, atualmente, apenas 31,4% contribuem sobre uma população de 15 a 65 anos. “A previdência garante uma boa condição de vida no futuro, quanto mais se contribui mais se ganha e isso não vem acontecendo, pois temos uma população beneficiária, seja por aposentadoria, pensão ou afins, superior a ativamente contribuinte”, complementou Milko Matijascic.
Outro detalhe relevante destacado durante a palestra foi a carência de assistências sociais quando falamos de um País com uma expectativa de vida alta. De acordo com o IBGE, a média de vida de um cidadão brasileiro é de 72,7 anos, que apesar do aumento nos índices do indicador social, permite o surgimento de uma grande preocupação quanto à sustentação previdenciária.
Roberto Piscitelli, conselheiro do Corecon-DF, ressaltou que o país entra na contradição quando se posiciona como o que mais reduziu os índices de pobreza, no entanto, hoje é um dos mais afetados pela crise econômica e política. No Brasil, a despesa com a Previdência Social encontra-se no patamar de 12% do PIB, que representa, assustadoramente, mais da metade da despesa primária da união.
Já para Rogério Contanzi, o equilíbrio entre adequação e sustentabilidade fiscal a médio e longo prazo, alguns detalhes têm que ser levados em consideração. “Com adoções e implementações de políticas públicas na área da assistência social e da formalização das relações de trabalho e de combate à perda prematura da capacidade de trabalho seria possível elevar a relação entre benefícios e contribuição e assim modificar a conjuntura que afeta negativamente o cenário atual”.
Após dois dias de intensas discussões, os três grupos de trabalho apresentaram na Plenária as propostas que foram discutidas e avaliadas pelos delegados dos Conselhos Regionais de Economia, um total de 141 pessoas cadastradas nesta edição do Simpósio. Na Plenária de Encerramento, onde ocorreram as deliberações, a mesa diretiva foi composta pelo presidente do Cofecon, Júlio Miragaya; o presidente do Corecon-RN e organizador do XXV SINCE, Ricardo Valério Costa Menezes; o relator geral do SINCE, o conselheiro federal Antônio Melki Júnior; e pelo secretário do SINCE, o conselheiro federal Nei Jorge Correia Cardim.
O Grupo de Trabalho 1 – Formação, Aperfeiçoamento Profissional e Mercado de Trabalho do Economista, coordenado pela presidente do Conselho Regional de Economia do Rio Grande do Sul (Corecon-RS), recebeu 12 propostas. Entre as aprovadas, está a parceria entre Corecon-PR e Cofecon para desenvolver projeto piloto de Mediação e Arbitragem e a proposta do Corecon-DF de conceder certificação a economistas que atuam no mercado em áreas especializadas, tais como: elaboração e análise de projetos, perícias econômico-financeiras, avaliação e relatório de impacto ambiental, entre outras. O Corecon-DF objetiva com essa proposta a valorização da profissão mediante a busca da excelência dos serviços prestados pelos economistas, visando à eficiência e qualidade e a construção de um selo de qualidade associado ao Sistema Cofecon/Corecons. O Grupo 2 tratou do Aperfeiçoamento do Sistema Cofecon/Corecons, coordenado pelo presidente do Conselho Regional de Economia do Rio de Janeiro (Corecon-RJ), José Lutterbach. Ao todo, 13 propostas foram enviadas pelos Regionais, tendo entre as aprovadas a criação de um Cadastro Nacional com informações básicas sobre os profissionais e empresas registrados nos Corecons e a de aprimoramento dos critérios de fiscalização e fortalecimento profissional, proposta pelo Corecon-DF, tendo como um dos objetivos a sensibilização das bancas organizadoras de concurso público, para difundir a importância do cargo de economista na Administração Pública e a necessidade de registro profissional.
O Grupo de Trabalho 3 concentrou as discussões em Estrutura, Conjuntura Econômica, Política e Social do Brasil, as quais foram coordenadas pelo conselheiro federal Róridan Duarte. Seis propostas foram enviadas pelos Regionais e aprovou-se a defesa da redução gradativa da taxa Selic como mecanismo de retomada do crescimento econômico e redução da recessão nacional. Após as propostas foi apresentada, votada e aprovada uma Carta sobre conjuntura econômica e política do País. Clique AQUI para acessá-la.
Outro destaque da programação do XXV SINCE foi o painel de discussão inédito realizado na terça-feira, 2 de setembro, sobre “A Mulher Economista no Mercado de Trabalho e nas Entidades Profissionais”. Com mesa formada por sete economistas mulheres representando todas as regiões brasileiras estiveram as conselheiras Bianca Lopes (Corecon-RO), como coordenadora, Celina Ramalho (Corecon-SP), Denise Kassama (Corecon-AM), Fabíola Andréa, (Corecon-RN) e as presidentes Simone Magalhães (Corecon-RS), Maria Cristina Araújo (Corecon-DF) e Ana Cláudia Arruda (Corecon-PE).
Dentre os destaques da mesa, a conselheira Bianca Lopes expôs, em números, a participação da mulher no mercado econômico, que registra 74,01% dos homens no mercado, enquanto apenas 25,99% são mulheres. Já por região, o Norte é onde tem maior número de mulheres na economia, seguido do Nordeste, Centro-Oeste, Sul e, por último, o Sudeste. “Embora a participação da mulher seja ainda reduzida, tivemos sete delas premiadas no Prêmio Brasil de Economia deste ano, de um total de 15 participantes”, comenta Bianca Lopes.
A presidente do Corecon-DF, Maria Cristina de Araújo, levou três propostas à mesa, sendo: a promoção e incentivo de publicações para mulheres economistas e também acadêmicas de economia; estímulo à presença das mulheres nas chapas eleitorais do Sistema Cofecon/Corecons; e, que a data de 8 de março, Dia Internacional da Mulher, esteja no cronograma fixo dos Conselhos.
Ao final do painel, foi aberta sessão para perguntas e opiniões. “Temos que quebrar paradigmas e colocar a mulher à frente da sociedade. Não podemos tratar como problema isolado da mulher, isso precisa se estender a todos”. Acrescentou a economista Terezinha Ferreira presente no debate. A conselheira do Corecon-DF, Mônica Beraldo, sugeriu que os Conselhos difundam a profissão de economista nas escolas, de modo que incentive os estudantes e, principalmente, de sexo feminino, com relatos de mulheres economistas, tendo em vista que atualmente o curso de Ciências Econômicas é composto em sua maioria por estudantes do sexo masculino.
Ao final da programação do XXV SINCE, os Corecons de Mato Grosso do Sul e Rondônia apresentaram candidatura manifestando interesse em sediar o próximo Simpósio, em 2018. Por votação entre os presentes, Porto Velho foi escolhida como a nova sede do encontro, com 45 votos, enquanto Campo Grande recebeu 44 votos.
O próximo passo foi a entrega do Prêmio Personalidade Econômica ao economista Otaviano Canuto, diretor executivo do Banco Mundial para o Brasil e outros oito países. A honraria reconhece os economistas que contribuíram para o desenvolvimento da Ciência Econômica e da profissão de economista nas vertentes teórica ou aplicada, com destaque no cenário nacional e internacional, nas áreas do conhecimento científico, educacional, cultural e profissional. “As pessoas que já receberam o prêmio mostram o quanto ele é valioso. É um grande estímulo para manter elos com o meu País, já que moro há muitos anos no exterior, e fazer o melhor por ele nas posições profissionais que ocupo”, afirmou.
As duplas vencedoras da Gincana Nacional de Economia também foram premiadas durante a cerimônia de encerramento. Os estudantes Bruno Toshio Ogava e Pedro Lima Coelho, da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) conquistaram o primeiro lugar na competição. Em segundo, Juan Lucas Santiago de Souza e Luann Felipe de Moraes Lobo, da Universidade do Estado do Amazonas (UEA); em terceiro, Renan Costa Viana e Juliana dos Anjos Fonseca Rosa, da Universidade Federal do ABC; e, em quarto lugar, os alunos Leonardo de Castro Lima e Felipe Costa de Faria, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
No sábado, 3 de setembro, conselheiros federais e presidentes dos Conselhos Regionais de Economia participaram de Sessão Plenária e Sessão Plenária Ampliada, com o objetivo de deliberar sobre questões relacionadas ao Sistema Cofecon/Corecons.
No início da manhã, os presidentes dos Regionais realizaram o Fórum dos Presidentes dos Conselhos Regionais de Economia, coordenado pelo presidente do Corecon-ES, Eduardo Reis Araújo, e pelo presidente do Corecon-SC, Paulo Polli. Já na Plenária Ampliada, destaque para a apresentação do XXII Congresso Brasileiro de Economia 2017, que será realizado em Belo Horizonte. O presidente do Regional, Antônio de Pádua, apresentou o tema central, programação preliminar e vídeo de divulgação.
Na Plenária do Cofecon, entre outros temas, foram aprovados ajustes no Cadastro Nacional de Peritos em Economia e Finanças (CNPEF), o projeto Desafio Quero Ser Economista, a retomada da Rádio Cofecon, além de discussão sobre a participação do Cofecon como co-promotor dos eventos da Associação Nacional dos Cursos de Graduação em Ciências Econômicas (ANGE).
Fonte: Cofecon, com edições
Assessoria de Imprensa do Corecon-DF