ELOY CORAZZA
CORECON-DF Nº 4103
A pandemia trouxe mudanças de hábitos e comportamentos sociais trazendo a atenção da população para os serviços e produtos indispensáveis à sua sobrevivência, com destaque à alimentação e às condições necessárias para uma vida com saúde.
A cadeia de produção e abastecimento para uma alimentação mundial saudável, sem dúvida, é talvez o principal desafio para o mundo neste século. E a agropecuária brasileira já é um dos pilares dessa segurança alimentar para significativa parcela dessa população.
Adicionalmente, o crescimento populacional projetado pela ONU na década 2020 a 2030 equivale a 3,5 vezes (753,7 milhões) a atual população brasileira de 212,5 milhões, ocorrendo à razão de 75,3 milhões de habitantes a cada ano, ou seja, equivale à necessidade anual de alimento para mais de 1/3 da atual população brasileira.
Um rápido olhar para os principais países provedores dessa alimentação e as regiões mundiais em que deve haver esse crescimento populacional, permitem identificar que para o Brasil esta é a oportunidade para adotar programas econômicos voltados para atender significativa parte desse aumento populacional mundial, merecendo destaques os seguintes aspectos:
a) diversificar a produção agropecuária brasileira segundo as vocações regionais do país, visando incorporar na produção brasileira os principais produtos consumidos pelos países com maior crescimento, o que ajudará a viabilizar inclusão significativa das famílias neste mercado produtivo, em especial as de menor propriedade;
b) adequar a tributação federal e estadual para retomada da industrialização de muitos produtos das atuais cadeias produtivas. Um destaque é a soja, pois viabilizará agregação de valor às commodities e de todos os produtos originários ou dependentes do setor agropecuário. Isto viabilizará adicionalmente maior produção de carnes, em especial de frangos e suínos e a inclusão de milhares de famílias de pequena propriedade e baixa renda em processos produtivos estáveis e que asseguram melhoria do nível de renda dessas famílias.
A partir dos dados e informações descritivas da evolução da agricultura brasileira nos últimos 40 anos, parece ser oportuno agregar as informações sobre a demanda internacional dos produtos de alimentação, focando em cereais e carnes, além de indicadores sobre a evolução da população e consequente demanda alimentar mundial nos próximos anos.
- População mundial – projeções
As projeções da ONU indicam um crescimento de 25% da população mundial, nas três décadas próximas, crescendo dos 7,794 bilhões em 2020 para 9,735 bilhões em 2050. Serão 1,941 bilhões de pessoas a mais até 2050, com projeção de aumentos anuais médios de: 75,3 milhões de 2020 a 2030; 65,0 milhões de 30 a 40; e 53,0 milhões de 40 a 50, conforme tabela 1 a seguir.
Tabela 1. População Mundial, projeção segundo variação média. | ||||||
Década 2020 a 2030 | Década 2030 a 2040 | Década 2040 a 2050 | ||||
Mil | Var.% | Mil | Var.% | Mil | Var.% | |
Africa | 347.723 | 25,9 | 388.428 | 23,0 | 412.526 | 19,9 |
Asia | 333.037 | 7,2 | 214.857 | 4,3 | 101.314 | 2,0 |
Europa | – 6.334 | – 0,8 | – 13.492 | – 1,8 | – 17.324 | – 2,4 |
A Latina Caribe | 52.292 | 8,0 | 36.094 | 5,1 | 20.084 | 2,7 |
América Norte | 21.729 | 5,9 | 19.578 | ,0 | 15.023 | 3,7 |
Oceania | 5.241 | 12,3 | 4.895 | 10,2 | 4.563 | 8,6 |
Acréscimo mundial >>> | 753.689 | 9,7 | 650.360 | 7,6 | 536.187 | 5,8 |
Fonte: ONU. | Departamento econômico e social |
Em quais regiões do mundo ocorrerão os principais aumentos populacionais?
Nestes 30 anos até 2050, a população africana crescerá 85,7%, cerca de 1,16 bilhões de pessoas a mais, equivalente à atual população da América do Norte e da Europa. A seguir vêm os países da Ásia que aumentarão 649,0 milhões de pessoas, equivalente a 14% de sua atual população. Ou seja, 92,6% do crescimento populacional até 2050 ocorrerá nos dois continentes, sendo 59,2% na África, 33,4% na Ásia e apenas 7,4% nos demais países do mundo.
Em terceiro lugar os países da América Latina e Caribe crescerão 16,6% com mais 108,4 milhões de habitantes. O aumento dos países da América do Norte é de 56,0 milhões, mais 15,5%, enquanto a Europa reduzirá 5% da população, ou seja, menos 37,1 milhões. A Oceania hoje com 42,6 milhões elevará, no período, em 15,0 milhões de pessoas.
Portanto, mantidas as condições atuais, esse acréscimo da população mundial é um indicador fundamental a ser considerado para projetar a médio e longo prazo a produção de alimentos e de pecuária necessários para suprir a crescente população adicional com oferta e qualidade alimentar, a partir do potencial disponível em nosso país.
Como se deduz, para atender este acréscimo populacional há necessidade que a produção mundial de produtos destinados à alimentação cresça a cada ano o equivalente a 1/3 da produção consumida a cada ano pela população brasileira de 2020.
Isto é de vital importância para a economia brasileira, quando se verifica que, que na prática hoje inexiste País com potencial produtivo, em cereais e carnes e demais produtos agropecuários, como o Brasil. Adicionalmente são poucos os países produtores e exportadores desses produtos com condições reais de ainda ampliar sua produção de forma sustentável.
- Soja.
“A soja é uma planta originária da região denominada Manchúria, na China. A primeira referência sobre soja no Brasil data de 1882, na Bahia, em relato de Gustavo Dutra. As cultivares mais específicas para o consumo humano foram trazidas pelos imigrantes japoneses em 1908. Os primeiros plantios comerciais iniciaram em 1924, em Santa Rosa/RS. A grande expansão teve início na década de 1970, na região Sul. Importante papel no progresso deve ser creditado também aos diversos programas de melhoramento genético. Exemplo deste trabalho foram as primeiras cultivares brasileiras originadas de cruzamento em material introduzido principalmente do Sul dos Estados Unidos.” (José Marcos Gontijo Mandarino, Origem e história da soja no Brasil, Embrapa Soja, abril/2017).
A soja integra a área cultivada de países, basicamente da Europa, América do Norte e América do Sul; na Ásia, de onde se origina, a China e a India têm a maior produção. No Brasil, a produção comercial assumiu relevante e crescente importância na região Sul na década de 1960, a partir do lançamento de cultivares adaptadas à região, do programa de crédito orientado que viabilizou a mecanização das lavouras e da industrialização do grão.
“No Brasil, o consumo de soja diretamente na alimentação humana ainda é muito restrito, apenas 3,5% da produção em média, simplesmente por não fazer parte do hábito alimentar do brasileiro, ao contrário do que ocorre em diversos países orientais, cujo consumo é verificado há pelo menos três milênios”. (José Marcos Gontijo Mandarino, Origem e história da soja no Brasil, Embrapa Soja, abril/2017).
A utilização da soja é tanto para alimentação humana, mais frequente em povos asiáticos, como para sua industrialização gerando óleo (20% do grão) e farelo (80%). O óleo é a base da alimentação humana além de ser usado para biodiesel; o farelo, com elevado nível de proteína, se destina à ração animal, sendo fundamental para frangos e suínos, além de compor a ração para bovinos.
Mais de 90 países cultivam soja. Com produção anual de 1,0 a 5,0 milhões de toneladas: Bolívia, Uruguai, Rússia e Ucrânia; China 18,1 e Índia 14,0 milhões, que se destinam apenas para atender parte do seu consumo interno; Canadá 6,0 milhões e Paraguai até 9,0 milhões de toneladas.
Argentina, Paraguai, Estados Unidos e Brasil são os países com potencial para atender com sua produção a demanda do mercado externo em maior escala, sendo Paraguai com cerca de 6,0 milhões de ton/ano e a Argentina com 8,0 milhões de ton/ano.
Nas últimas 3 safras, a produção de soja desses 5 principais países se mantém estável em torno de 89 % da produção mundial, com oscilação inferior a 1%. (vide USDA, Tabela 2).
Os principais abastecedores do produto são Brasil e Estados Unidos que somam mais de 60% da produção mundial; agregando a Argentina, os 3 países respondem por 80% da soja produzida no mundo. A seguir a China produz com até 18,1 milhões de toneladas e a India com 14,0 milhões, ambos, porém, exclusivamente para atender parte de seu consumo interno.
Tabela 2. SOJA. Principais produtores | Safra 19-20 | ||||
Milhões Ton | 2017/18 | 2018/19 | Milhões T | Part. % | 2020/21* |
Mundo | 342,1 | 358,7 | 338,1 | 100,0 | 369,7 |
Brasil | 122,0 | 117,0 | 124,5 | 36,8 | 133,0 |
E U A | 120,1 | 120,5 | 96,8 | 28,6 | 117,4 |
Argentina | 37,8 | 55,3 | 52,0 | 15,4 | 53,5 |
China | 15,3 | 16,0 | 18,1 | 5,4 | 17,5 |
Paraguai | 10,5 | 8,9 | 9,9 | 2,9 | 9,9 |
Sub-5 | 305,6 | 317,6 | 301,3 | 89,1 | 331,3 |
Outros países | 36,5 | 41,0 | 36,7 | 10,9 | 38,4 |
USDA. Farmnews, set/2020 | * previsão USDA. |
Quanto ao consumo, os três maiores produtores, Brasil, Argentina e Estados Unidos, respondem por 45% do consumo – basicamente para industrialização de óleo e farelo -, a China por 30% e todos os demais países por 25% da soja consumida no mundo. Dos três maiores produtores de soja, o Brasil consome 37% da sua produção, os Estados Unidos de 55 a 60% e a Argentina mais de 93% das respectivas produções, conforme Tabela 3.
Tabela 3. Consumo mundial (milhões T) | ||||||||
1º levantamento do USDA | ||||||||
Milhões T | 19/20 | 20/21 | Var. ton | % | % 19/20 | |||
China | 104,2 | 111,4 | 7,2 | 6,9 | 30,0 | |||
EUA | 60,6 | 61,6 | 1 | 1,7 | 17,4 | |||
Argentina | 48,7 | 50,2 | 1,5 | 3,1 | 14,0 | |||
Brasil | 46,9 | 47,7 | 0,8 | 1,7 | 13,5 | |||
Demais | 87,3 | 89,8 | 2,5 | 2,9 | 25,1 | |||
Mundial | 347,7 | 360,7 | 13 | 3,7 | 100,0 | |||
USDA. Farmnews, set/2020 | * previsão USDA. | |||||||
No tocante à comercialização externa, o Brasil lidera com 54,5% do total exportado, que, somado às exportações dos Estados Unidos e Argentina, totaliza 89,3% do suprimento internacional de grão de soja, sem considerar as exportações de farelo e óleo de soja desses países. Na América, figura ainda como relevante exportador o Paraguai com 3,8%. Todos os demais países, juntos fornecem 6,8 % do total exportado, como indica a Tabela 4.
Tabela 4. Exportação mundial (milhões T) | |||||
SOJA | 1º levantamento do USDA | ||||
Milhões T | 19/20 | 20/21 | Part.%19/20 | ||
Brasil | 84,0 | 83,0 | 54,5 | ||
EUA | 45,6 | 55,8 | 29,6 | ||
Argentina | 8,0 | 6,5 | 5,2 | ||
Paraguai | 5,9 | 6,3 | 3,8 | ||
Demais | 10,5 | 10,3 | 6,8 | ||
Mundial | 154,0 | 161,9 | 100,0 | ||
Brasil/Mundo | 54,5 | ||||
USDA. Farmnews, set/2020 | * previsão USDA. | ||||
Desta forma, 93,2 % do suprimento da soja em grão tem origem do continente americano, sendo do Sul 63,6%, Brasil, Argentina e Paraguai e 29,6% dos Estados Unidos.
Quanto aos principais países consumidores, a China é responsável por 78 a 82% de todas as importações; 9 países importam de 1 a 3% do total, a saber: Espanha e Holanda; Rússia, Turquia e Irã; Paquistão, Tailândia e Vietnã; e México. Os demais países importadores representam de 6 a 6,5% do volume importado.
- Milho.
O milho é o cereal de maior produção e consumo mundial, sendo essencial tanto para alimentação humana e quanto para alimentação animal, em especial para criação de aves e suínos, sendo utilizado ainda para produção do etanol. A produção mundial da safra 2019/20 foi de 1.114,7 milhões e USDA projeta 1.186,9 milhões de toneladas para safra 2020/21.
Na Tabela 5 a seguir está a composição de produção e consumo internacional dos principais países produtores, em milhões de toneladas da safra 2019/20.
Mundo | |||||||
2020 | E U A | China | U E 28 | Brasil | Demais | MUNDO | (-)China |
Consumo | 306,2 | 270,0 | 83,4 | 67,0 | 393,8 | 1.120,4 | 850,4 |
Exportação | 45,1 | – | – | 36,0 | 88,3 | 169,4 | 169,4 |
Demanda | 351,3 | 270,0 | 83,4 | 103,0 | 482,1 | 1.289,8 | 1.019,8 |
Produção | 347,0 | 260,8 | 66,6 | 101,0 | 339,3 | 1.114,7 | 853,9 |
Saldo Ano | – 4,3 | – 9,2 | – 16,8 | – 2,0 | – 142,8 | – 175,1 | – 165,9 |
Estoque | 53,3 | 208,1 | 8,0 | 3,4 | 41,0 | 313,8 | 105,7 |
Além das exportações de Estados Unidos e do Brasil, acima indicadas, a Argentina é o terceiro exportador com 34,0 milhões e a Ucrânia o quarto com 32,0 milhões, ficando o saldo de 22,3 milhões de toneladas para os demais países exportadores. Os quatro países são responsáveis por 86,6 % das exportações de todo volume exportado, conforme Tabela 6.
Exportação mundial (milhões T) | |||
MILHO | 1º levantamento do USDA | ||
Exportação | 19/20 | 20/21 | Var. ton |
EUA | 45,1 | 54,6 | 9,5 |
Brasil | 36 | 38 | 2 |
Argentina | 34 | 34 | 0 |
Ucrânia | 32 | 33 | 1 |
Demais | 22,3 | 22,6 | 0,3 |
Mundo | 169,4 | 182,2 | 12,8 |
BR/mundo 21,3 % 20,9%
Os países a seguir indicados são os principais importadores de milho brasileiro, com a seguinte participação percentual do total exportado até setembro/20: Irã 16,6%, Japão 13,3%, Espanha 10,3%, Vietnã 8,0 %, Egito 7,9%, México5,8%, Coréia do Sul 5,7%, Malásia 5,0, Bangladesch 4,4%, Marrocos 3,2% e demais países com 19,9%.
As informações sobre oferta e demanda de milho no mercado mundial indicam haver poucos países com potencial de aumento em sua área cultivada para atender à crescente demanda. Os 28 países da União Européia não conseguem atender à própria demanda e nos Estados Unidos não há área plantada relevante a ser incorporada, oscilando a área existente ora para soja, ora para cultivo do milho.
No Brasil a produção de milho da safra 19/20, prevista pelo USDA (maio) em 101,0 milhões de toneladas, segundo projeção de out/20 da CONAB alcançou a 102,5 milhões, sendo: 25,7 milhões da primeira safra; e 75,0 milhões da safrinha ou segunda safra, cujo plantio é feito após a colheita de soja da primeira safra, 65% em áreas de cerrado.
A área de safrinha da safra 19/20 foi de 13,7 milhões, assim distribuída: 8,9 milhões no Centro Oeste; 2, 2 milhões no Paraná (16,1%); 1,0 milhão no Sudeste (7,3%) e 1,0 milhão no Nordeste (7,3%), sendo o restante no Norte (4,3%). Na região Centro Oeste, a safrinha de milho plantou 54% da área plantada com soja na primeira safra.
- Carnes – mercado mundial.
A produção de carnes de frango, suíno e bovino, é totalmente dependente de farelo de soja e grão de milho, em proporções maiores ou menores, além de rações para outros animais, como peixes e animais domésticos.
Os dados que serão apresentados de produção das carnes, dos anos de 2008 a 2020, são extraídos do trabalho “Análise sobre a produção de carnes no Brasil”, divulgado pelo Instituto Tricontinental de Pesquisa Social, elaborado por Matheus Gringo, com base em abril/2020, tendo como fonte o USDA-FAZ-PE&D, consulta em maio/2020.
As carnes bovina, suína e de frango compõem a base alimentar da população do mundo.
Os dados sobre o consumo médio per capita de carnes em 2016 e sobre a taxa de crescimento médio anual logarítmico, de 2005 a 2016 da Tabela 7 – O caso das carnes, a seguir utilizados, são dados da OECD – FAO Agricultural Outlook Data.
CONSUMO PER CAPITA (2016) | O caso das carnes | |||||||
Carne TOTAL | Carne bovina | Carne suína | Carne frango | |||||
Kg/per capita | Taxa anual | Kg/per capita | Taxa anual | Kg/per capita | Taxa anual | Kg/per capita | Taxa anual | |
Brasil | 99 | 1,60% | 37 | -1,20% | 15 | 2,40% | 46 | 2,20% |
Países desenvolvidos | 93 | -0,20% | 23 | -1,20% | 35 | -0,20% | 35 | 1,00% |
MUNDO | 41 | 0,80% | 9 | -0,40% | 16 | 0,60% | 15 | 1,90% |
Países menos desenvolvidos | 11 | 1,70% | 5 | -0,20% | 2 | 2,70% | 4 | 3,90% |
África | 24 | 1,10% | 11 | -0,20% | 3 | 1,90% | 11 | 2,40% |
Ásia | 32 | 1,80% | 5 | 1,80% | 17 | 1,30% | 10 | 2,80% |
OECD-FAO Agricultural Outlook Data | Nota: Enorme potencial de crescimento do consumo | |||||||
per capita nos países menos desenvolvidos da África e Ásia |
Como se observa o maior consumo per capita é do Brasil, acima de todos os grupos de países, e devido ao maior consumo das carnes de frango e bovina, figurando o consumo de carne suína em 15 kg/per capita, próximo à média mundial, mas bem abaixo do consumo dos países desenvolvidos. A tabela evidencia estar o consumo de carne diretamente vinculado ao nível de renda dos países, aumentando o consumo de carnes suína e de frango segundo a renda.
Já a projeção da produção mundial dessas carnes para 2020 indica a seguinte produção total e dos dez principais países produtores para cada tipo de carne, Tabela 8.
Produção mundial de carnes, ano 2020 – milhões Ton | |||||
Bovino | Ton | Suíno | Ton | Frango | Ton |
E U A | 12.515,0 | China | 34.000 | E U A | 20.511 |
Brasil | 10.310,0 | U E | 24.150 | China | 15.500 |
U E | 7.800,0 | E U A | 13.176 | Brasil | 13.775 |
China | 6.950,0 | Brasil | 4.130 | U E | 11.950 |
Índia | 4.150,0 | Rússia | 3.435 | Rússia | 4.685 |
Argentina | 3.085,0 | Vietnã | 2.250 | Índia | 4.000 |
Austrália | 2.085,0 | Canadá | 2.045 | México | 3.670 |
México | 2.065,0 | México | 1.460 | Tailândia | 2.900 |
Paquistão | 1.840,0 | Filipinas | 1.450 | Argentina | 2.175 |
Rússia | 1.377,0 | Coréia do Sul | 1.350 | Peru | 2.075 |
Grupo 10 | 52.177,0 | Grupo 10 | 87.446 | Grupo 10 | 81.241 |
TOTAL 2020 | 61.532,0 | TOTAL 2020 | 94.327 | TOTAL 2020 | 100.509 |
* China: suína, 54,04 em 2018; peste suína reduziu para 34 milhões de toneladas (2020) |
A produção dos 10 países maiores produtores de carnes, representa os seguintes percentuais da produção mundial de 256.368,0 mil toneladas: 84,8% da carne bovina; de frango, 80,8%; e da carne suína, 92,7%. Os 16 países da tabela 8 acima totalizam produção das carnes de 220.864,0 mil toneladas, equivalente a 86,2% da produção de todos os países do mundo.
Nada menos que 74,6% das carnes são geradas nos seis maiores produtores das três carnes: Chia
Nada menos que 191,5 milhões de toneladas, ou seja 74,6% da produção mundial, são produzidos pelos 6 países produtores dessas carnes, em milhões de toneladas e percentual da produção mundial a seguir: China, 56,5 milhões (22,0%); Estados Unidos, 46,2 milhões (18,0%); União Européia, 43,9milhões (17,1%); Brasil, 28,2 milhões (11,0%); Rússia, 9,5 milhões (3,7%); e México, 7,2 milhões (2,8%).
Neste contexto, o Brasil participa da produção mundial nos seguintes percentuais: segundo maior produtor em carne bovina, com 16,8% da produção mundial; terceiro em frango, com 13,7% e quarto na suína, com 4,4%.
No período de 2008 a 2020, o crescimento da produção mundial e brasileira foi: bovina, 8,3% da mundial e 14,3% da brasileira; suína, redução de 3,8% da produção mundial e aumento de 37% da brasileira; e frango, aumento na mundial de 38,4% e de 25,9% da brasileira.
Qual é o atual consumo mundial e quais os principais países consumidores?
O consumo mundial, em 2020, das carnes bovina, suína e de frango soma 251.484,0 mil toneladas, sendo que 209.353,0 mil toneladas (83,3%) consumidas pelos 14 países, que compõem os 10 maiores consumidores de cada tipo de carne, nas quantidades e proporções do consumo mundial indicadas na Tabela 9 a seguir.
Consumo de carnes, maiores países, 2020, milhões Em mil toneladas. |
||||||||
Bovina | Toneladas | % mundial | Suína | Toneladas | % mundial | Frango | Toneladas | % mundial |
E U A | 12.389,0 | 20,8 | China | 37.750,0 | 40,4 | E U A | 17.299,0 | 17,6 |
China | 9.429,0 | 15,8 | U E | 20.268,0 | 21,7 | China | 15.850,0 | 16,1 |
Brasil | 7.850,0 | 13,2 | E U A | 10.094,0 | 10,8 | U E | 11.180,0 | 11,4 |
U E | 7.790,0 | 13,1 | Rússia | 3.430,0 | 3,7 | Brasil | 9.903,0 | 10,1 |
Índia | 2.750,0 | 4,6 | Brasil | 3.132,0 | 3,4 | Rússia | 4.740,0 | 4,8 |
Argentina | 2.425,0 | 4,1 | Japão | 2.764,0 | 3,0 | México | 4.558,0 | 4,6 |
México | 1.905,0 | 3,2 | Vietnã | 2.315,0 | 2,5 | Índia | 3.998,0 | 4,1 |
Paquistão | 1.786,0 | 3,0 | México | 2.145,0 | 2,3 | Japão | 2.820,0 | 2,9 |
Rússia | 1.709,0 | 2,9 | Coréia do Sul | 1.974,0 | 2,1 | Argentina | 2.035,0 | 2,1 |
Japão | 1.336,0 | 2,2 | Filipinas | 1.729,0 | 1,9 | Tailândia | 2.000,0 | 2,0 |
Sub-10 | 49.369,0 | 82,9 | Sub-10 | 85.601,0 | 91,6 | Sub-10 | 74.383,0 | 75,5 |
MUNDIAL | 59.566,0 | 100,0 | MUNDIAL | 93.428 | 100,0 | MUNDIAL | 98.490 | 100,0 |
Das 251.484 mil toneladas consumidas no mundo, 188,2 milhões de toneladas, ou seja 74,9% do consumo mundial, são consumidas por 7 países produtores dessas três carnes, conforme quantidade de toneladas e percentual a seguir: China, 63,0 milhões (25,1%); Estados Unidos, 39,8 milhões (15,9%); União Européia, 39,2 milhões (15,2%); Brasil, 20,9 milhões (8,4%); Rússia, 9,9 milhões (4,0%); México, 8,6 milhões (3,5%) e Japão, 6,9 milhões (2,8%).
O consumo mundial da carne suína de 2008 a 2018, antes dos efeitos da peste na China, crescera 14,6%. A peste na China provocou redução de 18,7 milhões de toneladas de 2018 a 2020. A União Européia, segundo maior consumidor, também reduziu o consumo no período em 990 mil toneladas (- 4,7%). Excluídas China e União Européia, o restante do mercado mundial cresceu 20,7%% de 2008 a 2020, a uma taxa anual de 1,6%, conforme Tabela 10.
Tabela 10. Consumo mundial de carnes – 2008 a 2020
Consumo | 2008 | 2018 | 2020 | 2020-2008 | Variação |
Bovina | 55.631 | 58.671 | 59.566 | 3.935 | 7,1 |
suína¹ | 97.883 | 112.166 | 93.428 | – 4.455,0 | – 4,6 |
Frango | 71.128 | 92.638 | 98.490 | 27.362,0 | 38,5 |
224.642 | 263.475 | 251.484 | 26.842 | 11,9 | |
1. Consumo na China, de 2018 a 2020 caiu 16,7% ( 18,7 milhões tonelada) |
Em relação ao consumo mundial de carnes, cabe perguntar: quais os principais países importadores? Reunindo os dez maiores importadores de cada tipo de carne – bovina, suína e de frango, somam 17 diferentes países. Suas importações em 2020 são as constantes da Tabela 11 a seguir, representando 81,2% das importações mundiais de carne bovina, 85,9% de suína e 63,2% da carne de frango. Os 17 países a seguir concentram 76,6% de todas as importações.
Importações mundiais de carnes – 2020 | |||||
Tonel mil | Bovina | Suína | Frango | Total | Part. % |
China | 2.500 | 3.850 | 725 | 7.075 | 25,2 |
Japão | 870 | 1.490 | 1.085 | 3.445 | 12,3 |
México | 950 | 895 | 1.845 | 6,6 | |
E U A | 1.334 | 370 | 1.704 | 6,1 | |
Coréia do Sul | 550 | 625 | 1.175 | 4,2 | |
U E | 310 | 680 | 990 | 3,5 | |
Hong Kong | 330 | 290 | 290 | 910 | 3,2 |
Filipinas | 280 | 370 | 650 | 2,3 | |
Emirados Árabes Unidos | 630 | 630 | 2,2 | ||
Arábia Saudita | 575 | 575 | 2,0 | ||
Chile | 340 | 155 | 495 | 1,8 | |
Canadá | 210 | 255 | 465 | 1,7 | |
Iraque | 475 | 475 | 1,7 | ||
África do Sul | 430 | 430 | 1,5 | ||
Rússia | 350 | – | 350 | 1,2 | |
Egito | 290 | – | 290 | 1,0 | |
Austrália | 240 | 240 | 0,9 | ||
17 países | 7.084 | 8.265 | 6.155 | 21.504 | 76,6 |
Mundo | 8.721 | 9.627 | 9.737 | 28.085 | 100,0 |
% 18/mundo | 81,2 | 85,9 | 63,2 | 76,6 |
Reunidos os principais importadores do Leste da Ásia – China, Hong Kong, Japão, Coréia do Sul e Filipinas que somam 1.504,6 milhões de habitantes ou 19,3% da população mundial – consomem 39,8% de todas as carnes; os principais importadores do continente americano, México, Estados Unidos e Canadá, mais o Chile, importam 16,2%; os países Emirados Árabes Unidos, Arábia Saudita e Iraque respondem por 6% das importações, tendo 84,9 mil habitantes; países da Europa importam 4,8%, sendo 3,5% os da União Européia e 1,3% a Rússia; e na África com 2,6, a África do Sul e Egito, além de países da Oceania com 0,9%.
Em 2020, a proporção das carnes consumidas pelos países de todo mundo atendida com a importação de carnes foi de: 14,6% da carne bovina, 10,3% da carne suína e 9,9% da carne de frango.
- Os principais destinos das exportações brasileiras – milho, soja e carnes.
Hoje o Brasil lidera o suprimento mundial das carnes bovina e de frango e é o 4º maior exportador de carne suína, atrás da União Européia, Estados Unidos e Canadá. No somatório das três carnes a liderança é dos Estados Unidos, com 24,8% da carne no mundo, seguido do Brasil com 22,4%. Na carne suína, Estados Unidos exporta 3,39 vezes mais que o Brasil, atrás da União Européia que lidera com 3,9 vezes mais que a carne suína brasileira exportada.
Além das carnes, o Brasil lidera a produção e, também, a exportação de soja, com 54,5% de toda soja exportada no mundo; e no milho, a liderança na exportação é dos Estados Unidos com 26,6%, seguido do Brasil em segundo lugar com 21,3%. Na produção de milho o Brasil é o terceiro maior produtor atrás do líder Estados Unidos, e da China, cuja produção de 270 milhões de toneladas, porém, sequer atende seu consumo interno.
Assim, a produção brasileira de soja e milho, hoje são as bases para assegurar os insumos básicos para alimentação humana de nosso país, suprindo ainda a industrialização para suprimento de farelo de soja e de milho destinados à alimentação dos animais, em especial frangos, suínos e bovinos, liderando ainda a exportação das carnes bovina e de frango.
Adicionalmente, o Brasil lidera o fornecimento da soja ao mercado mundial com 54,5% de toda comercialização, e é o segundo com 21,3 % da exportação de milho, ambos produtos essenciais e indispensáveis para a produção de carnes em todos os países e continentes.
Exportação de milho e soja, em grão | ||||
US$ bi | 2019 | 2020 | Participação % | |
País | Soja | Milho ¹ | Soja | Milho ¹ |
China | 20,5 | 78,51 | – | |
Espanha | 0,76 | 0,1176 | 2,91 | 10,33 |
Tailândia | 0,6 | 2,30 | – | |
Holanda | 0,6 | 2,30 | – | |
Irã | 0,55 | 0,1886 | 2,11 | 16,57 |
Turquia | 0,44 | 1,69 | – | |
Rússia | 0,35 | 1,34 | – | |
Paquistão | 0,27 | 1,03 | – | |
Vietnã | 0,24 | 0,0914 | 0,92 | 8,03 |
México | 0,23 | 0,0655 | 0,88 | 5,76 |
Japão | 0,1512 | – | 13,29 | |
Egito | 0,0901 | – | 7,92 | |
Coréia do Sul | 0,0644 | – | 5,66 | |
Malásia | 0,0567 | – | 4,98 | |
Bangladesh | 0,0498 | – | 4,38 | |
Marrocos | 0,0366 | – | 3,22 | |
Demais países | 1,57 | 0,2260 | 6,01 | 19,86 |
Total | 26,110 | 1,138 | 100,0 | 100,0 |
Partic. % dos 16 países | 94,0 | 80,1 | ||
¹. Até setembro de 2020 |
A produção de soja da China em 2020 é de 18,1 milhões, apenas 17,2% de seu consumo de 104,0 milhões de toneladas. Da produção brasileira de 124 milhões de toneladas da safra 19/20, até novembro foram exportadas 82,75 milhões toneladas, das quais 60,7 milhões para China, ou 73,4% do total exportado. Já o consumo interno do Brasil de 2020 é de 46,9 milhões de toneladas, ou seja, apenas 77,2% do volume exportado para a China.
A mudança no sistema de criação e produção suína chinesa e outros países, decorrente da peste suína, migrando de pequenos produtores para empresas/fazendas cuja produção segue parâmetros técnicos de alimentação dos animais, gerará necessariamente elevação do consumo da soja e do milho para atender seu consumo interno.
Em 2020 a produção chinesa de carne suína é de 34,0 milhões de toneladas, 20 milhões a menos que a de 2018, enquanto a produção brasileira de carne suína é de 4,1 milhões. Para repor as 20,0 milhões de toneladas, a produção chinesa de carne suína precisará aumentar sua produção o equivalente a 5 vezes toda a atual produção anual brasileira de carne suína.
Para o milho os principais destinos das exportações brasileiras são também os países asiáticos e africanos, conforme os valores do período de jan/set de 2020 da Tabela 13. Os dados de novembro/2020 confirmam a exportação de 29,7 milhões de toneladas, ao valor de US$ 4,9 bilhões. Os embarques de dezembro indicam que o volume total de 2020 será de 32,9 milhões de toneladas. As exportações ocorrem a partir da colheita do milho safrinha, a partir de julho, centrada em parte do Paraná, nas regiões do Centro-Oeste e Sudeste, cuja colheita foi de 75,0 milhões em 2020, e que tende a aumentar.
Brasil. MILHO. | |||
Maiores importadores: até set-2019 e 2020 | |||
Em milhões de US$ | |||
Países | set/19 | set/20 | Part%20 |
Japão | 182,8 | 151,2 | 13,3 |
Irã | 51,7 | 188,6 | 16,6 |
Espanha | 139,2 | 117,6 | 10,3 |
Vietnã | 47,4 | 91,4 | 8,0 |
Egito | 77,0 | 90,1 | 7,9 |
México | 61,2 | 65,5 | 5,8 |
Coréia do Sul | 128,6 | 64,4 | 5,7 |
Malásia | 32,7 | 56,7 | 5,0 |
Bangladesh | 36,1 | 49,8 | 4,4 |
Marrocos | 35,7 | 36,6 | 3,2 |
Demais países | 272,5 | 226,0 | 19,9 |
TOTAL | 1.064,9 | 1.137,9 | 100,0 |
Fonte: dados MDIC (adaptado por Farmnews) |
Na tabela 14 a seguir estão reunidas a produção e as exportações brasileiras das carnes bovina, suína e de frango. O total exportado representa 25,5% da produção brasileira, com participações de 22,4% da carne bovina, 24,2% da carne suína e 28,1% das carnes de frango.
Tabela 14. Brasil. Carnes – produção e exportação | ||||
Brasil-2020 | Bovina | Suína | frango | TOTAL |
Produção | 10.310,0 | 4.130,0 | 13.775,0 | 28.215,0 |
Exportação | 2.314,2 | 1.000,1 | 3.875,0 | 7.189,3 |
Export/produção | 22,4 | 24,2 | 28,1 | 25,5 |
A seguir a distribuição das exportações das carnes brasileiras aos 10 principais países importadores de cada tipo de carne, que juntos somam 19 principais importadores de carnes.
CARNES – Destino das exportações brasileiras – 2020 | |||||
Importadores | Bovino | Suíno | frango | TOTAL | % mundo |
China | 554,2 | 563,4 | 929,6 | 2.047,2 | 28,5 |
Emirados árabes | 214,3 | 14,1 | 360,0 | 588,4 | 8,2 |
Hong Kong | 298,0 | 130,5 | 147,3 | 575,8 | 8,0 |
Arábia Saudita | 73,1 | 440,6 | 513,7 | 7,1 | |
Japão | 23,1 | 458,8 | 481,9 | 6,7 | |
Chile | 182,3 | 43,6 | 225,9 | 3,1 | |
Cingapura | 53,3 | 113,5 | 166,8 | 2,3 | |
Kuweit | 138,7 | 138,7 | 1,9 | ||
Egito | 138,1 | 138,1 | 1,9 | ||
Coréia do Sul | 124,4 | 124,4 | 1,7 | ||
Iraque | 102,7 | 102,7 | 1,4 | ||
Omã | 84,9 | 84,9 | 1,2 | ||
Uruguai | 34,0 | 50,7 | 84,7 | 1,2 | |
Rússia | 65,5 | 65,5 | 0,9 | ||
Itália | 55,8 | 55,8 | 0,8 | ||
Argélia | 34,2 | 34,2 | 0,5 | ||
Argentina | 29,1 | 29,1 | 0,4 | ||
Vietnã | 19,0 | 19,0 | 0,3 | ||
E U A | 14,5 | 14,5 | 0,2 | ||
Demais países | 664,6 | 58,8 | 974,6 | 1.697,9 | 23,6 |
Total exportado | 2.314,2 | 1.000,1 | 3.875,0 | 7.189,3 | 100,0 |
Export: 19 países | 1.649,7 | 941,3 | 2.900,4 | 5.491,4 | 76,4 |
19 / Total | 71,3 | 94,1 | 74,9 | 76,4 | |
Fonte: AGROSAT – MAPA | Elaboração: ITPS |
Em relação ao destino das exportações brasileiras de carnes cabe ressaltar:
a) 67,4% das carnes são destinadas a 11 países asiáticos, distribuídas segundo posição geográfica a seguir: Leste Asiático, 44,9% das carnes exportadas para China, Hong Kong, Japão e Coréia do Sul; Península Arábica 19,9%, aos Emirados Árabes, Arábia Saudita, Kuweit, Iraque e Omã; Sul da Ásia, 2,6% para Cingapura e Vietnã.
b) 4,9% para a América, sendo Chile, Uruguai, Argentina e Estados Unidos;
c) 2,4% para África, Egito e Argélia; e
d) para Europa 1,7%, à Itália e Rússia.
A população desses 19 países maiores importadores de carnes do Brasil é de 2,5 bilhões de pessoas e representa 32,7% da população mundial de 2020, sendo que a população dos países asiáticos importadores é 23,05% da população mundial e de 1,88% a dos países da África.
As exportações brasileiras são fundamentais para o suprimento de carnes aos demais países, com relevante participação de 21,9% no total das exportações mundiais, Tabela 16.
Carne. Mundo e Brasil – 2020 | ||||
Milhões ton. | bovina | suína | Frango | Total |
Mundo | 10.665,0 | 10.478,0 | 11.708,0 | 32.851,0 |
Brasil | 2.314,2 | 1.001,2 | 3.875,0 | 7.190,4 |
Brasil/Mundo % | 21,7 | 9,6 | 33,1 | 21,9 |
Como maior exportador supre 21,7% da carne bovina e nada menos que 33,1% da carne de frango importada por todos os países do mundo. No momento, como visto pelas importações chinesas, o Brasil é também o produtor com maior potencial e capacidade de ampliar a produção e exportação de carne suína.
A taxa de crescimento do consumo mundial per capita de carnes, foi projetada pela OECD, ONU-FAO Agricultural Outlook Data de 2016 em 0,8% na média mundial; 1,9% para as carnes de frangos; 0,8% para carnes suínas e uma redução anual de consumo per capita de -0,4% da carne bovina.
Os principais insumos necessários para a criação de animais, soja e milho, tem maior participação na carne de frango, seguida da carne suína e no Brasil em menor proporção para a carne bovina por contar com ampla pastagem.
Conhecidos o panorama mundial de países produtores dos dois cereais e a elevação de seu consumo mundial, bem como e em especial a produção e o consumo das carnes, fica evidente que para atender a alimentação populacional projetada o Brasil é o principal país e quase o único com potencial para atender parte significativa dessa demanda. De ressaltar a propósito que a população mundial nesta década até 2030 cresce à razão de 75,3 milhões/ano, aumento anual equivalente a 35,5% da população brasileira.
Conclusão.
Não há dúvida que o aumento populacional dos países nestes 30 anos próximos é uma rara oportunidade para o Brasil enfrentar a atual crise pandêmica, atendendo a demanda mundial com alimentos gerados por sistema produtivo sustentável, e para o país crescer através de investimentos das indústrias de transformação de produtos agrícolas para junto das áreas produtoras, levando à integração da indústria de cereais com a produção de carnes, o que gera forte inclusão de milhares de famílias no setor produtivo, além de resultar em forte agregação de valor aos produtos exportados com redução de custos.
A base para a saúde depende da alimentação; por isto, este é o primeiro produto a ser disponibilizado para a população. O crescimento da população mundial e disponibilidade de capacidade tecnológica e de potencial produtivo da agropecuária do Brasil para seu atendimento são uma oportunidade para formalizar estratégia nacional, econômica e social, visando a adequação de infraestrutura e processos produtivos que tornem viável o atendimento da demanda mundial, o que pode se tornar fator importante para um crescimento econômico e social da sociedade brasileira.
Para tanto, indicam-se alguns vetores a serem considerados nos programas a adotar:
- Ampliar gradualmente, com tecnologias sustentáveis já utilizadas, a produção agrícola dos atuais cereais para suprir o aumento do consumo de carnes, além do aumento da produção de outros produtos utilizados pelos países com maior previsão de crescimento, como os da Ásia e da África;
- Revisar o atual sistema tributário e regulador público, em todas as esferas de governo, para viabilizar a retomada da industrialização tanto dos cereais como das carnes, de forma a agregar valores e incluir significativa parte da população de menor renda a este processo produtivo, com alocação das indústrias próximas à base da produção agropecuária;
- A partir da redução de custos públicos incidentes sobre os produtos agrícolas tornar-se-á viável o rápido aumento da produção de carnes de forma a agregar significativo valor aos produtos exportados, assegurar aumento de arrecadação com redução de alíquotas e incidências e a incorporação ao processo produtivo de milhares de famílias de baixa renda localizadas próximas a centros urbanos.
- Efeito importante será a forte redução dos custos de frete hoje centrado na produção de grãos, segundo sazonalidade das safras, além da distribuir no tempo o transporte de volumosa proporção das exportações.
Eloy Corazza, entrou em julho/1970 como AFTF no Ministério da Fazenda, primeiro Coordenador de Cursos da ESAF (1976-79); Diretor Geral de Pessoal, Secretário de Controle Interno do Min dos Transportes, Secretário de Normas da STN – Secretaria do Tesouro Nacional, Secretário Geral-Adjunto de Administração do MF, Secretário de Recursos Humanos do Poder Executivo, Secretário Executivo do Min. de Transportes e Comunicações (1992); Secretário de Controle Interno do Ministério do Planejamento e, após aposentado, Diretor Financeiro da Rede Sarah de Hospitais e Presidente do Sarahprev; além de Secretário Geral do Conselho de Arquitetura (CAU) e Diretor Financeiro da CODHAB/DF. Formado em Economia, Filosofia e Pedagogia. Professor de Economia, da Faculdade Católica/Bsb e da Unisinos, no período de 1972 a 1985.
“Os conteúdos dos textos publicados, artigos e notas, além dos comentários do público, são de responsabilidade exclusiva de seus autores e signatários, não envolvendo ou refletindo posicionamentos ou opiniões do CORECON-DF.”